Espírito crítico

"Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero. "
(Pierre Beaumarchais)

"Quem se enfada pelas críticas, reconhece que as tenha merecido."
(Tácito)

"Onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos."
(Ayaan Hirsi Ali)


"Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar."
(Abraham Lincoln)

sexta-feira, 21 de março de 2008

Indisciplina e Impunidade

Nos dias 20 e 21 de Março, todos os telejornais abriram com o vídeo em que uma professora era agredida e derrubada por uma aluna de 15 anos. A notícia era a agressão ter sido filmada, pois já há muito que se dizia que isso acontecia diariamente nas escolas públicas portuguesas, mas ninguém se acreditava. Todos falam sobre a Educação, mas ninguém quer ouvir os professores nem conhecer o que se passa dentro da Escola. A própria ministra, ao chamar "professorzecos" a uma classe, deu o exemplo, insultando os docentes.

Todos os dias há professores insultados, com os carros riscados, com os pneus furados e nunca há alunos castigados, mesmo que se faça queixa à GNR e se identifiquem os responsáveis, porque são menores e estão dentro da escolaridade obrigatória.
No dia de Páscoa, de manhã, um comentador disse na televisão que a aluna que agrediu a professora não faria aquilo aos seus pais, porque eles não permitiriam. O problema é esse mesmo. Os alunos fazem aquilo em casa. Tenho uma aluna que no final do 1º período tinha maus resultados e o pai, como castigo, queria retirar-lhe o telemóvel e ela respondeu-lhe: "-Dou-te o telemóvel, o cara....!" O que é certo que ela continuou a levar o telemóvel para a escola. Isto é verdade e foi confirmado pela aluna, pois, quando me contaram, eu nem me queria acreditar.
Tenho de deixar uma palavra de coragem e de apoio à professora vítima de agressão a todos os níveis, física, psicológica, profissional e social, que nunca desceu ao nível dos alunos e não respondeu às agressões. Nem a ministra veio dar uma palavra de apoio à docente. Nas imagens é visível que ela se dirigia para a porta para tentar que alguém a ajudasse, mas a turba não permitiu. Se não apresentou logo queixa,certamente foi porque não tinha tido tempo de a redigir, pois essas participações têm de ser feitas por escrito ou foi por ter receio de que fosse prejudicada na sua avaliação, porque há o hábito de responsabilizar os professores pela indisciplina dos alunos. A comunicação social na ânsia de mostrar que aquele era uma caso isolado veio dizer que era uma professora que tinha estado destacada noutro serviço, dando a entender que seria falta de experiência. A professora fez o que tinha de ser feito, confiscou o telemóvel à aluna sem nunca a agredir ou a insultar. A professora não pode ser punida na praça pública por aquilo que os alunos lhe fizeram.

As pessoas interrogam-se sobre os motivos que levaram a professora a não fazer logo queixa. Quem está no ensino percebe perfeitamente, se ela fizesse queixa (como é ela que está a ser avaliada e não a aluna) na sua grelha de avaliação obteria notas negativas nos seguintes indicadores:

"Proporciona, com eficiência e elevado grau de exigência, situações de igualdade de oportunidades de participação e integração dos alunos e aprofunda regras de convivência, colaboração e respeito;"

"Equilíbrio no exercício da autoridade e adequação das acções desenvolvidas para a manutenção da disciplina na sala de aula;"

"Exerce autoridade, mantém a disciplina na sala de aula com facilidade promovendo a responsabilidade na mudança de comportamentos;"

Obviamente, depois da divulgação do vídeo teve de fazer queixa, mas a prejudicada será a professora e não a aluna. Gostava de saber o resultado do inquérito instaurado. Será que os colegas serão castigados? O aluno que filmou ilegalmente e sem autorização uma aula e divulgou as imagens para todo o mundo será castigado? Terá de indemnizar os colegas e a professora? Num dos telejornais, dizia-se que a mãe temia que a aluna fosse expulsa. Descanse, minha senhora! A sua querida filha, de acordo com o novo estatuto do aluno, nem que mate um professor ou funcionário, incendeie um automóvel ou a escola, poderá ser expulsa. É verdade, temos uma escola de sucesso para formar terroristas. É o sistema que nós temos. Se os professores não forem respeitados, serão eles que terão de procurar um novo emprego. A sua filha continuará na escola com o telemóvel que a senhora lhe comprou. É assim o sistema de rigor imposto por este governo. O Novo Estatuto do Aluno, sem aplicação prática no Ensino Básico e que beneficia os alunos indisciplinados, já começa a dar os seus frutos aliado a um Estatuto da Carreira Docente, em que os professores foram completamente esmagados.
Imaginemos agora as condições psicológicas que a professora terá para enfrentar esta turma (e as outras). Preocupe-se com isso, minha senhora! A semana que a sua filha passará a limpar tabuleiros na cantina não a prejudicará em nada, apenas a tornará uma heroína entre os seus pares.

Felizmente, nem todos os alunos são assim. O pior é o clima de impunidade que este ministério está a promover, desautorizando constantemente os professores e passando os alunos, mesmo que não queiram aprender. Nos CEF, que a Sr.ª Ministra tanto elogia e diz que são um sucesso por todo o país, nem se pode marcar faltas disciplinares, porque os alunos têm de assistir a todas as aulas. Os alunos que querem aprender e os professores que querem ensinar estão a ser prejudicados por uma minoria a quem o governo deu impunidade total. Nem o Presidente da República tem tanta impunidade como um aluno da escola pública portuguesa.

Parabéns, Senhora Ministra! Está a ter sucesso! Conseguiu transmitir a alguns alunos um pouco do ódio que a Senhora Ministra sente por nós.

terça-feira, 18 de março de 2008

quarta-feira, 12 de março de 2008

Voltei a acreditar!

Quando andava no 11º ano, houve uma professora, daquelas que nunca se esquecem, que me pediu para ir ao quadro fazer e explicar um exercício aos colegas. Eu resolvi o exercício, explicando todos os passos, com a ajuda do giz de cor. A senhora professora Dulce Vieira disse-me que eu tinha muito jeito para explicar. Eu, que não sabia o que queria seguir na altura, pensei pela primeira vez em ser professor.

A partir daí, esse gosto cresceu e tornou-se uma paixão e, mais tarde, uma profissão.

Durante o estágio pedagógico, tive um total de 42 aulas assistidas em duas disciplinas por três professoras diferentes. Felizmente, atribuíram-me um boa nota, que me permitiu ser professor. Depois, fui aprendendo com a experiência e com os erros. Primeiro, diziam-me que em certas turmas tinha de "entrar a matar", mas depressa percebi que era pior. Tem de haver uma espécie de diplomacia (que a Ministra não tem) para conquistar o grupo, só assim pode haver sucesso. Fui ensinando e aprendendo ao longo dos treze anos de serviço, que pelas contas da senhora ministra são apenas onze. Até há três anos atrás, gostava imenso do que fazia e ainda faço. Altura em que veio uma "iluminada" que quis mudar tudo e acabar com o desenvolvimento de competências para se preocupar com os números, esquecendo os alunos. Tomou medidas que me fizeram ficar revoltado. Responsabilizou-nos pelo insucesso dos alunos e pelo abandono escolar. Disse que éramos pouco assíduos, quando a última vez em que eu faltei a uma aula foi há seis anos, pelo nascimento da minha filha mais nova, porque me disseram que tinha direito a cinco dias. Fiquei triste. Depois impediram-me de ser coordenador de departamento, porque não podia concorrer a titular por não ser "sénior" como a ministra chama aos titulares e que considera sinónimo de excelência! Fiquei revoltado e desmotivado! Olho para os meus alunos e interrogo-me sobre qual será o melhor curso que devem tirar para conseguirem uma saída profissional. Se os alunos percebessem a revolta e a mágoa com que eu dava aulas, o que teriam pensado! Eu escondia dos alunos, mas comentava com os colegas…

Até ao dia 8 de Março! Altura em que fiquei novamente com a mesma motivação inicial! Voltei a acreditar! Não era só eu que me sentia indignado. Éramos mais de 100 mil! Por muito poder que tenha, uma pessoa nunca vencerá mais de 100 mil.

Agora acredito que a ministra se vai embora, nem que seja em 2009, porque ela repete constantemente que o seu compromisso é por 4 anos e já passaram 3… Só falta um! Deixem-me acreditar que depois virá alguém que perceba a realidade escolar, dialogue com os professores e mude… mude de política e valorize as aprendizagens, em detrimento dos resultados forjados e dos assaltos à dignidade dos professores. O pesadelo em breve acabará: nós ficaremos na escola, que tanto amamos, e a sr.ª ex-ministra da avaliação irá para a Caixa Geral de Depósitos ou para uma empresa pública com os seus colegas, espremer um pouco mais os contribuintes.

Obrigado, Senhora Ministra, por nos ter unido! Boa viagem!

terça-feira, 11 de março de 2008

Vídeos da Manif



Razões para Protestar

Muitos comentadores, que acham que conhecem o que se passa no ensino por terem andado a estudar há mais de 30 anos atrás, têm tentado desvalorizar a maior Manifestação de uma única classe profissional da Península Ibérica, segundo a TVE. Quem lá esteve sentiu que fazia parte da história. Qualquer manifestação que se faça em Portugal será sempre comparada e abafada pela de 8 de Março de 2008. Alguns comentadores criticam os professores por se manifestarem. Ao que chegou a democracia portuguesa! A manifestação decorreu com o máximo civismo, sem confusões, com cânticos originais, sem insultos e com mensagens criativas. Alguns invejosos por não terem feito parte da história apelidaram-nos de hooligans, mostrando que nem sabem o que isso é! Como dizem que têm vergonha dos professores portugueses também não me vou dar ao trabalho de lhes explicar a diferença.
Deviam perguntar as razões que levaram 100 mil professores cheios de testes para corrigir a sacrificarem o sábado para estarem em Lisboa. Eu vou explicar-lhes o que me levou a manifestar-me:
1.º O roubo de dois anos de tempo de serviço que eu prestei honestamente;
2.º O trabalho extraordinário sem remuneração;
3.º Décimo ano sem aumento, com os combustíveis e os bens essenciais sempre a subirem;
4.º A impossibilidade de ser coordenador de departamento e de algum dia subir a professor titular mesmo que tenha "Excelente" na minha avaliação, porque as vagas entretanto ficarão todas ocupadas;
5.º A burocracia que implantou na escola numa era de desenvolvimento dos meios informáticos;
6.º A avaliação dos alunos e o abandono escolar contarem para a minha avaliação;
7.º Os avaliadores e o director da escola não serem eleitos pelos professores;
8.º A falta de tempo para planear e preparar as minhas aulas, elaborar e corrigir os testes, fazer relatórios de aulas de apoio, de Estudo Acompanhado, de tutoria, de Área de Projecto, de desempenho de cargo, de aulas assistidas, de actividades, de redigir actas de reuniões intercalares, de avaliação, de grupo, de departamento…
9.º Um modelo de avaliação que não valoriza o meu trabalho ou o meu desempenho profissional, mas a relação que tenho com o avaliador e/ou a sorte com as turmas que me foram atribuídas;
10.º O elevado número de alunos por turma, que nos impedem de dar o apoio e as estratégias diferenciadas de que alguns alunos necessitam;
11.º O regime de assiduidade presente no novo estatuto do aluno que só pode ter sido elaborado por quem não conhece a realidade do ensino básico;
12.º Os alunos que durante o percurso escolar beneficiaram de redefinição de estratégias e de critérios de avaliação e que perderam o estatuto de alunos com NEE (para se poupar dinheiro) têm de fazer exames nacionais no 9º ano iguais aos outros, comprometendo irremediavelmente o seu sucesso;
13.º A falta de condições nas escolas para o trabalho individual dos professores. Na sala de professores não me consigo concentrar para preparar as minhas aulas e corrigir os meus testes.
14.º Os insultos com que a Sr.ª Ministra nos tem presenteado;
15.º A divisão da carreira em duas categorias;
16.º A falta de negociação no Estatuto da Carreira Docente, no Estatuto do Aluno, no novo modelo de avaliação do pessoal docente, no novo modelo de gestão das escolas;
17.º A desautorização do professor perante os seus alunos, quando entrar alguém para avaliar o professor;
18.º As inverdades que tem dito e que mostram um total desconhecimento sobre a realidade das escolas;
Todos estes motivos me levaram a participar na Marcha da Indignação.
A Sr.ª Ministra disse várias vezes que há partidos que estão por detrás das manifestações dos professores. Tem razão por uma vez! Há um partido que contribuiu: o Partido Socialista com a sua política egocêntrica e arrogante de gabinete sem tentar perceber o que se passa nas escolas. Até deixou de ouvir o Conselho de Escolas, um órgão criado por esta ministra.
Ouça-nos! Mais de cem mil vozes mereciam ser ouvidas!
salvarescola@gmail.com

segunda-feira, 10 de março de 2008

...e o burro sou eu?

A manifestação foi magnífica. Seis horas que valeram a pena. Estamos mais unidos. Com o Sr. Presidente da República no Brasil, esta manifestação fez-me lembrar as invasões francesas, só que desta vez os invasores eram os Professores Portugueses massacrados com reuniões, papelada e burocracia pelo governo opressor.

Nós não temos o tempo de antena da sr.ª Ministra, mas somos mais e exigimos respeito! Ela não pode continuar a dizer que 120 mil professores (segundo a TVE que não é controlada pelo governo português) não sabem ler e por isso é que se manifestam. Isto não a fará reflectir e auto-avaliar-se? Quando tive mais de 50% de insucesso num teste que dei, questionei-me sobre o que estava mal. Perguntei aos alunos o que eles não tinham percebido e procurei melhorar o meu desempenho... Os alunos, apercebendo-se do meu esforço, também tentaram melhorar e, assim, houve uma aproximação. Se eu pensasse como a Sr.ª Ministra, dizia que os alunos não tinham sucesso, porque não sabiam ler e avançava em frente, convencido das minhas capacidades muito superiores às dos outros. O exemplo não é uma forma de educar é a única!
Será que uma cabeça pensa melhor do que 120 mil?
...e o burro sou eu?

Já agora preciso de um esclarecimento. Se souberem como agir agradeço que me respondam para o e-mail salvarescola@gmail.com . Ainda não desisti de tentar expor o problema à srª ministra, que não me responde, talvez por eu não ser jornalista.
Tenho quatro alunos que nos anos anteriores foram avaliados e apoiados como alunos NEE e agora perderam esse estatuto, tendo de fazer exames nacionais iguais a todos os outros. Certamente, terão nível um nos Exames de Língua Portuguesa e de Matemática e, consequentemente, reprovarão sempre no 9.º ano. Não podem ser encaminhados para os CEF, pois já estão no nono ano e seria recolocá-los no sétimo ano. Que fazer com eles? É uma grande preocupação da minha escola. Já enviei e-mails à
sr.ª ministra, mas ela só está preocupada com a avaliação dos professores, não liga a esses alunos. As associações de pais estão mais preocupadas em defender a ministra do que os seus filhos.

Continuo a afirmar que o regime de assiduidade do novo estatuto do aluno não tem aplicação prática no ensino básico.
Quero continuar a aprender e a ensinar!

A Ministra não disse a verdade

A Ministra não diz a verdade

Na entrevista à jornalista Judite de Sousa, que lhe colocou algumas perguntas pertinentes, a Sr.ª Ministra da Educação escondeu a verdade, fazendo imensas perguntas à entrevistadora. A certa altura não percebi quem era a entrevistada.
As inverdades ditas pela Sr.ª Ministra:
1.º Os professores serão avaliados pelos resultados em função do contexto escolar em que estão. Toda a gente sabe que os Exames Nacionais são iguais em todo o país (excepto a Sr.ª Ministra).
2.º Um professor que tenha alunos que mereçam 8 será mais beneficiado na sua avaliação do que um que tenha discentes a quem possa dar 18, se inicialmente estes já tivessem 18. Se o professor é avaliado pelo sucesso dos seus alunos, o que a Ministra disse significa que 8 será sucesso? Faça favor de dizer isso a quem vai avaliar o professor que tenha alunos que mereçam 8.
3.º Os resultados dos alunos só contam 6,5 % na avaliação dos professores. Os resultados dos alunos na avaliação interna contam 6,5 %, os resultados dos alunos na avaliação externa contabilizam mais 6,5 % e o abandono escolar ainda outros 6,5 %, o que soma 19, 5 % de factores que dependem da sorte do professor na atribuição das turmas.
4.º A avaliação dos professores é menos rigorosa do que a dos outros funcionários públicos. Essa é mais uma tentativa da Sr.ª Ministra virar a opinião pública contra os professores. Em mais nenhuma profissão, as pessoas são avaliadas pelo desempenho dos
outros. É verdade: os professores vão ser avaliados pelo desempenho dos alunos, não importando se os alunos têm capacidade, vão à escola ou se emigraram. Se um aluno acompanhar os pais para outro país, será obrigação dos professores ir buscá-lo e ficar com ele em sua casa até que termine o ano lectivo? Imaginemos que os médicos eram avaliados pelas mortes que evitavam, também estariam tão desgraçados como os professores estão agora, pois todos acabaremos por morrer um dia. É um milagre o que a Ministra pede aos professores e pode haver quem os consiga fazer, mas a maior parte dos professores ainda não tem esse poder.
5.º A avaliação foi negociada. As subjectivas e burocráticas grelhas que foram aprovadas pelo governo são idênticas às que foram contestadas.
6.º Os professores que têm Bom podem sempre progredir. Esqueceu-se de que, quando as vagas de professores titulares estiverem preenchidas, ninguém poderá progredir nem que tenha "Excelente", a não ser que mate quem esteja a ocupar a vaga, mas se não tiver um bom advogado corre o risco de ir parar à cadeia e a vaga deixada pela vítima será ocupada por um terceiro.
7.º Os professores titulares podem delegar a avaliação noutros que sejam mais competentes. Só seria assim se a competência fosse sinónima de antiguidade, como aconteceu no 1º concurso de professor titular.
8.º Não há professores de Educação Visual a avaliar professores de Educação Física. A Sr.ª Ministra não sabe mesmo o que se passa nas escolas, nem mesmo os grupos que integram o departamento de expressões. Sr.ª Ministra, venha à nossa escola, trabalhe connosco durante uma semana e aperceba-se do que se passa no terreno! Certamente, a sua opinião acerca dos professores mudará, perceberá que este modelo de avaliação é injusto e, na semana seguinte, negociará um novo modelo de avaliação ou demitir-se-á por perceber o mal que tem feito ao Ensino Público. O regime de assiduidade do Novo Estatuto do Aluno não tem aplicação prática no Ensino Básico, pois a aprovação é consequência da avaliação de todas as disciplinas e não de disciplinas consideradas individualmente como acontece no Ensino Secundário. Além disso, os alunos que perderam o estatuto de NEE nunca concluirão o Ensino Básico, porque deixaram de poder usufruir de exames a nível de escola e terão de realizar Exames Nacionais iguais aos de outros alunos. É pena que o presidente das
associações de pais, Albino Almeida, não se preocupe com estes alunos, mas, como (felizmente) os seus filhos não têm problemas de aprendizagem, decidiu colar-se a quem tem poder e têm de ser os professores a escreverem cartas ao surdo ministério para tentar defender os alunos com graves dificuldades de aprendizagem que, no passado, tiveram testes adaptados e agora têm de realizar exames iguais aos seus colegas. Onde está o ensino individualizado?
9.º A avaliação dos professores é feita pelos seus pares. Se assim fosse, qualquer professor poderia ser eleito coordenador e avaliador, mas isso não acontece, porque só os professores titulares é que podem avaliar e faltar às suas aulas para avaliar os outros (imagine-se!). Os alunos do professor titular têm aula de substituição, enquanto este assiste à aula de um subalterno. É um paradoxo! Nunca pensei que as pessoas fossem tão loucas, a ponto de aceitarem esta situação como positiva! Os professores não podem faltar para fazerem formação, acompanharem alunos em visitas de estudo ou assistirem a um funeral de um familiar próximo, sob pena de derem prejudicados na sua avaliação, mas os titulares podem faltar e abandonar os seus alunos para assistirem a aulas!!!... Está mais do que provado que a Sr.ª Ministra não se preocupa com a aprendizagem dos alunos, mas sim com as estatísticas.
Houve um ponto em que a Sr.ª Ministra teve razão: Grande parte dos professores ainda não teve tempo para ler os documentos e ainda não percebeu o que está em causa. Se todos os docentes tivessem lido todos os documentos, a Manifestação do dia 8 de Março não seria "só" de 70 mil professores, mas de 150 mil. Está provado que nas escolas, em que o injusto e ilegal processo de avaliação está mais adiantado, a adesão dos professores é de praticamente 100%, incluindo entre os avaliadores. É claro que alguns não deram o nome nas suas escolas por causa das represálias dos "mais que papistas" presidentes de alguns conselhos executivos, que ambicionam lugares de deputados nas próximas eleições! Pouca gente tem coragem de dizer, mas vive-se um clima de intimidação em algumas escolas e também há alguns titulares que se embriagaram com o poder e estão a tornar os avaliados escravos pessoais.

Não posso assinar este documento para evitar que o estabelecimento de ensino onde lecciono seja perseguido pela Inspecção Geral de Educação, como tem acontecido noutros casos. No entanto, deixo e-mail: salvarescola@gmail.com que pode ser utilizado por quem quiser provas e exemplos do que é referido.