Espírito crítico

"Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero. "
(Pierre Beaumarchais)

"Quem se enfada pelas críticas, reconhece que as tenha merecido."
(Tácito)

"Onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos."
(Ayaan Hirsi Ali)


"Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar."
(Abraham Lincoln)

domingo, 30 de novembro de 2008

A Lição dos Professores

Quando este governo tomou posse, deram-lhe um estado de graça, que ele aproveitou para:- Aumentar o IVA, mesmo depois de ter prometido que não aumentaria impostos;- Aumentar a idade da reforma, apesar de ter prometido que o não faria;- Congelar as carreiras de alguns sectores da Função Pública.O povo continuou adormecido.Depois, provou-se que o Primeiro-Ministro falsificou documentos da Assembleia da República para que o tratassem por Engenheiro, que tirou um curso de Engenharia sem ir às aulas, enviando trabalhos por fax, e que, enquanto recebia um subsídio de exclusividade, assinava projectos.O povo mostrou-se indiferente, achando que, se ele queria que o tratassem por Engenheiro, era lá com ele.De seguida, decidiu fechar escolas e urgências; a população começou a despertar e o ministro da saúde foi demitido, mas a política continuou.Posteriormente, vieram as aulas de substituição gratuitas e a responsabilização dos professores pelo insucesso dos alunos.Os professores acordaram e os tribunais deram-lhes razão na ilegalidade das aulas de substituição não remuneradas.Depois veio o Estatuto da Carreira Docente, que dividia os professores em duas categorias, sem qualquer análise de mérito, e impedia que dois terços dos professores atingissem o topo da carreira. Os professores ficaram atordoados e a Ministra aproveitou para esticar a corda ainda mais, tratando os docentes por "professorzecos" e criando um modelo de avaliação que ela própria considerou "burocrático, injusto e inexequível" e que prejudica os professores que faltassem por nojo, licença de paternidade, greve ou doença.Aí os professores indignaram-se e vieram para a rua. O Governo e os sindicatos admiraram-se com a revolta dos professores e apressaram-se a firmar um entendimento que adiava a avaliação.No ano lectivo seguinte, os professores foram torturados com o suplício de pôr a andar um monstro, cavando a sua própria sepultura. Em todas as escolas, começou a verificar-se que esse monstro não tinha pernas para andar. Os professores começaram a pedir a suspensão do processo e marcaram uma manifestação para o dia 15 de Novembro. Os sindicatos viram o descontentamento geral e marcaram outra manifestação para o dia 8 de Novembro.Os professores mobilizaram-se e a Ministra tremeu… Os alunos aprenderam com os professores o direito à indignação e aperceberam-se de que o seu estatuto também era injusto, porque penalizava as faltas por doença, e começaram a manifestar-se. A Ministra percebeu que tinha de aliar-se aos alunos e cedeu nas faltas, culpando os professores pela interpretação da lei. Conseguiu mesmo alterar sozinha uma lei aprovada pela Assembleia da República perante os mudos parlamentares. O ambiente na Escola tornou-se tão insustentável que a Ministra deixou de ter coragem de visitar escolas. Então, decidiu alterar novamente o seu modelo, sem o acordo de ninguém, pois só ela não entende que está a mais no Governo, defendendo um modelo que sabe que é errado, só para não dar o braço a torcer (lembrando a teimosia de Paulo Bento que, para afirmar o seu poder, prefere perder). Se fizesse uma auto-avaliação, percebia que está tão isolada que até o representante das associações de pais, aliado de outras batalhas, tomou consciência do que estava em causa. Agora, o Secretário de Estado Adjunto vem dizer que a Lei é para cumprir. Mas qual Lei? A da Ministra que não respeita os tribunais, que altera as leis da Assembleia da República a seu belo prazer, que manda repetir exames, mesmo sabendo que é inconstitucional, que penaliza os professores pelo direito à greve e às faltas por nojo, por doença ou por licença de paternidade?Quem deixou de cumprir a Lei foi a Ministra e o Governo. Lembram-se de alguém que fumou ilegalmente num avião, afirmando que desconhecia uma Lei imposta por si? É o mesmo que vem dizer que nem ele está acima da Lei.Ouvi nas notícias que o Primeiro-Ministro se tinha reunido com professores socialistas. Só pode ser mentira, pois, neste momento, não conheço nenhum professor (que dê aulas) que não tenha vergonha de dizer que é socialista...Já que a Comunicação Social está instrumentalizada e não há oposição firme, o povo devia seguir a lição dos professores e manifestar-se:- Contra o elevado preço dos combustíveis, uma vez que o preço do petróleo desceu para um terço do que custava há meses e em Portugal os combustíveis ainda só desceram cerca de 20%;- Contra os elevados salários de gestores de empresas públicas que dão prejuízo;- Contra a entrega de computadores "Magalhães" que depois têm de ser devolvidos, como quem tira doces a crianças;- Contra o financiamento público de bancos que exploram os clientes com elevados juros;- Contra as listas de espera na saúde;- Contra as portagens nas SCUT;- Contra a criminalidade e a insegurança que se vive em Portugal;- Contra as elevadas taxas de desemprego;- Contra o desvio do dinheiro de impostos para o TGV;- Contra as mentiras.Se os Portugueses acordarem e seguirem o exemplo dos professores, os governantes deixarão de se "governar" e passarão a defender o interesse das pessoas."Ao emendar aquilo que precisa de correcção, o bom professor não está a ser rude." Quintiliano

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Ensaio sobre a cegueira na Educação
Carlos Ceia 2008-11-10
Não quero ser titular, só quero ser professor." Será pedir muito a um ministro da Educação, mesmo que seja o mais cego entre os que tudo vêem, que os deixem ser apenas isso, professores?

Porque foi que cegou a Ministra da Educação, Não sei, talvez um dia se chegue a conhecer a razão, Queres que te diga o que penso, Diz, Penso que não cegou, penso que está cega, Cega que vê, Cega que, vendo, não vê.
- Reescrita livre de um passo de Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago
Tentei compreender o que se está a passar no meu país ferido, fui à maior manifestação de sempre na história da educação portuguesa, na condição de professor apenas, sem olhar a estatutos, e sem ir a mando de ninguém a não ser da minha consciência cívica, mesmo que aparentemente esta não seja a minha guerra.
Um cego humilde, mesmo que não quisesse ver podendo ver, demitir-se-ia e pediria desculpa por se ter enganado num modelo de avaliação que tinha por justo, mas que se revelou, nas suas primeiras experiências práticas, um desastre nacional. O cego continua a não querer ver o que vi com os meus próprios olhos e que ele(a) podia também ter visto, se tivesse amor verdadeiro à causa que jurou defender. Assisti, incrédulo, às diversas explicações da Ministra - cega que, vendo, não vê -, dizendo, em delírio mental, que o que via era uma conjuração sindicalista de professores manipuladores sobre professores manipulados. Nenhum professor rejeita a avaliação, mas o discurso do(a) cego(a) que vê e não quer ver aponta sempre o mesmo dedo à falsa repulsa pela avaliação. Esse cego diz que as escolas estão, nesta data, a proceder à avaliação com normalidade, porém há registo de mais de 1500 escolas a contestarem formal e informalmente um modelo que promove a injustiça, a imparcialidade e a divisão.
Diz o(a) cego(a) que os professores só têm de se preocupar com uma ficha de objectivos, por isso não vê como se podem queixar de sobrecarga de actos administrativos. O mérito que se lhe pode reconhecer é o de ter criado um sistema de avaliação que nem no mais complexo processo de Bolonha no mais complexo sistema universitário alguma vez se viu. A ficha única da mentira do(a) cego(a) é uma sinédoque para dizer que, na prática, estamos a falar da elaboração de documentos e respectivas fichas de registo de competências, grelhas de análise e avaliação, porta-fólios, guiões de objectivos individuais, de auto-avaliação, correcção de testes, de trabalhos individuais e de grupo, trabalhos de casa, produção de fichas informativas e formativas, elaboração de fichas de avaliação formativa e sumativa, reuniões intermináveis e inconsequentes, etc. O que fica de fora - a preparação das aulas, a auto-reflexão sobre o que se ensina - é o que mais devia ocupar o professor. A responsabilidade da criação deste professor-escrivão é da Ministra, porque todos os professores se formaram para serem sobretudo educadores e oleiros do conhecimento.
A actual Escola Pública está mais inclinada do que a Capela de Suurhusen: a opção por aulas de substituição está errada, se se obriga um professor de Filosofia, por exemplo, a substituir um professor de Matemática; a introdução do Inglês no 1.º ciclo está errada, se os professores forem subcontratados no mercado livre, sem habilitações adequadas e ensinando um currículo descontextualizado do programa nacional; a promoção do computador Magalhães está errada, se se pede aos professores do Ensino Básico que sirvam de vendedores de propaganda informática, pois são eles que tratam de todos os pormenores da venda do Magalhães, quando deviam estar ocupados a pensar na melhor forma de o usar nas suas aulas; os critérios que nortearam o primeiro concurso de acesso a professor titular estão errados, se valorizam apenas a ocupação de cargos nos últimos sete anos, independentemente de qualquer avaliação da competência pedagógica, científica ou técnica desses professores; a avaliação do desempenho está errada, se estiver condicionada a parâmetros como o sucesso, o abandono escolar e a avaliação atribuída aos alunos (se se queria um modelo alternativo que não envolvesse uma correlação falsa - sucesso escolar dos estudantes = sucesso profissional dos docentes -, então recorria-se ao actual modelo das universidades portuguesas que fazem inquéritos anónimos anuais aos estudantes, por cada disciplina, e, nos casos em que se detectam problemas denunciados pelos estudantes, os professores em causa são convidados, construtivamente, a corrigir o que estiver mal, sem que com isso estejam a comprometer a sua avaliação profissional); se se constrói um modelo de avaliação em que é possível delegar competências, não se faz tábua rasa do código administrativo e se inclui subtilmente num Orçamento de Estado uma correcção duvidosa para legitimar essa delegação de competências; se queremos melhores professores, não se publica uma lei como o Decreto-Lei n.º 43/2007, que promove a iniquidade da formação de base, excluindo arbitrariamente uns licenciados e protegendo outros, sem que ninguém entenda a filosofia do legislador; se se quer promover a avaliação entre pares respeitar a hierarquia das habilitações académicas adquiridas, e não se monta um sistema em que um docente com o grau de doutor ou de mestre pode ser avaliado por docentes com o grau de licenciado; em vez de promover a aquisição de uma maior qualificação dos professores, embora se anuncie isso hipocritamente, não se publica uma Portaria como a n.º 344/2008, que privilegia a aquisição de mestrados e doutoramentos em Ciências da Educação como habilitação adequada a quem se exige que demonstre depois um desempenho excepcional em termos científicos na sua área de especialidade.
Testemunho de um professor: "Por obra e graça do famoso concurso que distingue os melhores e mais experientes, acedi à categoria (?) de titular (de quê não sei). Sou o professor mais novo (na escola, idade, escalão e tempo de serviço) do meu grupo. Não quero ser titular, só quero ser professor." Será pedir muito a um ministro da Educação, mesmo que seja o mais cego entre os que tudo vêem, que os deixem ser apenas isso, professores?

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Sem Vergonha

Sem vergonha

Depois dos alunos se manifestarem contra o artigo 22º do Estatuto do Aluno, com insultos e ovos, a Senhora Ministra (fingindo não dar o braço a torcer), mesmo depois de ter andado a defender o indefensável, alterou à pressa e por despacho uma Lei (má) aprovada pela Assembleia da República, desrespeitando a Constituição Portuguesa (que para ela não tem valor). Caso a Senhora Ministra ainda não saiba, as Leis aprovadas pela Assembleia da República, que tem o poder legislativo, só podem ser alteradas por esse órgão.
Se os deputados se calarem com esta usurpação do poder, mais vale demitirem-se, pois os ministros podem substituí-los no poder legislativo, quando só deviam ter o poder executivo. Mas, neste “vale tudo” socrático, a Senhora Ministra foi ainda mais longe, culpando as Escolas da sua própria má redacção das leis que os deputados do Partido Socialista aprovam sem ler com medo de perderem o lugar. Fique a saber que os professores sabem interpretar muito bem, Senhora Ministra, e já perceberam que Vossa Excelência gosta mais dos ovos do que dos professores. É muito feio culpar os outros dos nossos próprios erros… Quando era professora, era esse o exemplo que dava aos seus alunos?
Os docentes só não sabem interpretar o que se passa na sua cabeça! Todos os dias altera a legislação e nós temos de andar sempre a alterar os Regulamentos Internos das nossas escolas. Por falar nisso, qual é o número de Directores Adjuntos que o (seu) Director pode nomear?

salvarescola@gmail.com

domingo, 16 de novembro de 2008

Meus Parabéns a quem escreveu isto..
'A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!'
"AS ESCOLAS PORTUGUESAS ESTÃO UM VERDADEIRO CAOS!!!!
Depois de ouvir hoje o que disse a Srª Ministra, depois de ler os desabafos de muitos colegas nossos, na minha Escola, na blogosfera, invadiu-me uma raiva que não consigo mais conter e gostaria de a gritar ao Mundo. Dizia a Srª Ministra, com o seu ar sereno, que "o processo de avaliação de desempenho dos professores está a avançar de "forma normal e com grande sentido de responsabilidade" na maioria das escolas." e eu pergunto Srª Ministra:- Quem tenta enganar? Os Professores? Os Pais dos alunos? A opinião pública? A Comunicação social? Quem? A si própria? O seu governo? Na maioria das Escolas, Srª Ministra, a situação é esta: - Os Professores estão cansados, desmotivados, não aguentam tanto trabalho para nada. Reuniões, grelhas, objectivos, mais reuniões, relatório, mais reuniões... e continua assim, semana atrás de semana. Resultado: Os Professores não têm tempo para aquilo que gostam de fazer: ENSINAR!!! A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA! Na maioria das escolas, muitos Professores que até agora eram empenhados na preparação das suas aulas, limitam-se a fazer o mais fácil, não têm tempo para pesquisa, para partilhar com os alunos. Os alunos não aprendem!A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA!
Na maioria das Escolas muitos Professores que tinham ainda TANTO para dar à Escola, eram o pilar da Escola, uma referência para os mais novos, estão a abandonar, vão para a APOSENTAÇÃO, mesmo com penalizações graves! É fácil perceber: por cada três que saem, entram apenas dois, com vencimentos muito mais baixos. O factor economicista sempre à frente!Não lhe passa pela cabeça, Srª Ministra, o potencial humano que as Escolas estão a perder e os efeitos de tal fuga!A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA! Na maioria das Escolas, há Professores de baixa médica, Professores esgotados que não aguentam mais esta loucura, que metem atestados e então vem outro professor substituir ou não vem… não faz mal! os alunos terão a farsa das aulas de substituição e, em vez de terem Português ou Matemática, têm aula com um Professor de Ed. Física ou Geografia… tanto faz, o que interessa é ter tudo ocupadinho, Professores e Alunos. Srª Ministra, são muitas aulas em que os alunos não têm aulas com o SEU professor, porque este está doente, em que a matéria não é leccionada.A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA! Na maioria das Escolas, os Professores andam às voltas com o novo Estatuto do Aluno. A Srª Ministra mandou cá para fora um documento em que obriga os alunos que faltam a fazerem uma prova de recuperação mesmo que faltem porque não lhes apetece, um documento que não prevê distinção entre os alunos que faltam porque estão doentes e aqueles que ficaram a dormir até mais tarde. Os Professores têm que fazer a prova! Fazer a prova, prepará-la, corrigi-la, plano de recuperação…quantas horas implica tudo isto, Srª Ministra? Solução fácil! Esqueçamo-nos de marcar faltas! Se isto é para ser a brincar, nós fazemos-lhe a vontade.A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA! Os Professores que até ao ano lectivo anterior eram uma classe que partilhava, onde não se sentia, regra geral, a competição, deixaram de confiar uns nos outros, vivem em função da avaliação de desempenho, num verdadeiro egoísmo. Desconfiam do colega que o vai avaliar, querem apanhar as quotas dos Excelentes ou Muito Bom. O mau estar nas Escolas é geral, um clima de desconfiança instalou-se!A CULPA É TODA SUA, SRª MINISTRA! E dirá a Srª Ministra: "Os Professores não querem ser avaliados". Engana-se Srª Ministra "Os Professores querem ser avaliados!!!! Sempre foram, tal como Vossa Excelência é e será avaliada (talvez não precise de tanta grelha, mas será!!). Os Professores fazem um trabalho público! São avaliados diariamente. QUEREM UMA AVALIAÇÃO SÉRIA e não um faz-de-conta. Mas acha, Srª MINISTRA, que é avaliar seriamente um Professor, quando:1 – Um colega (que pode ter menos habilitações e não é da área disciplinar) vai assistir a TRÊS aulas em 150 aulas que um Professor dá à turma? É tão fácil BRILHAR em três aulas, mesmo que nas outras 147 não se faça nada! Os Professores já tiveram aulas assistidas nos estágios…. Sabem fazê-lo. Não têm medo disso, Srª Ministra!!! Isto é avaliação séria, Srª Ministra? 2 – Um colega Coordenador de Departamento é de Francês/Inglês (excelente profissional na sua área, mas como viveu muitos anos em França, tem dificuldades na língua Portuguesa) vai avaliar um colega de Estudos Portugueses que, por não ter tido tantos cargos como o primeiro, não é TITULAR e por isso vai ser avaliado nas suas aulas de Português (com 30 anos de serviço) pelo primeiro. Isto é avaliação séria, Srª Ministra? 3 – Um colega de Educação Tecnológica, com uma licenciatura da Universidade Aberta obtida há alguns anos, vai avaliar colegas de MATEMÁTICA do seu Departamento (Ciências Exactas), alguns já com o Mestrado na área (Repito: os colegas são excelentes profissionais, mas não PODEM SER avaliadores de quem tem mais ou diferentes habilitações do que eles. Eles não têm culpa e muitos desejavam não representar tal papel). Isto é avaliação séria, Srª Ministra? 4 – Um dos elementos da avaliação dos alunos é a progressão dos resultados escolares dos seus alunos. Srª Ministra, é tão fácil falsear a progressão dos resultados escolares dos alunos…se NÃO formos sérios e quisermos contribuir apenas para o sucesso estatístico. Acha que os Professores, sabendo que estes dados contam para a sua avaliação, vão dar classificações baixas? Isto é avaliação séria, Srª Ministra? 5 – E o dito portefólio ou "dossier pedagógico" ser outro factor na avaliação?! É tão fácil, hoje em dia, enchê-lo com materiais LINDOS, pedagógicos….mesmo que os alunos nem os tenham visto, mesmo que estes materiais não sejam nossos. Isto é avaliação séria, Srª Ministra? E finalmente, uma das aberrações do 2/20086 – O Presidente do Conselho Executivo, e simultaneamente Presidente do Conselho Pedagógico, não precisa ser TITULAR! Como explica isto Srª Ministra? A senhora Ministra criou esta distinção entre TITULARES e PROFESSOR! Então os Professores TITULARES não seriam aqueles que iriam desempenhar as funções de maior responsabilidade nas Escolas, um grupo altamente qualificado? Ou será que o Presidente do CE e do CP não é um cargo de responsabilidade? Como justifica que não seja necessário o título de TITULAR, se para outros cargos de menor importância, como Coordenador de Departamento ou de Directores de turma tal cargo é exigido? EXPLIQUE Srª Ministra! E quando este mesmo Presidente do Conselho Executivo tem apenas o equivalente ao antigo 7º ano (ou seja, é bacharel, depois de uma formação à distância de alguns meses)? Há TANTOS nas nossas escolas! Vai avaliar colegas com mestrados e licenciaturas? É ele que vai avaliar TODOS os colegas da Escola. Muitas vezes, para além de ter habilitação muito inferior aos avaliados, há anos que não lecciona! Isto é avaliação séria, Srª Ministra? 7 – Claro que há Professores, como há médicos, como há advogados, como há MINISTROS menos competentes. Mas acha que é assim que a situação vai melhorar? Quem não é tão bom profissional, vai continuar a não sê-lo e os bons agora também não têm tempo para o ser. Por que razão não se ajuda com avaliação formativa aqueles que têm mais dificuldades, sem o intuito de os penalizar? Acha que é justo um avaliador faltar às aulas das suas turmas (12avaliadosx3 aulas de 90mn= é só fazer as contas) para ir avaliar colegas? E os alunos ficam entregues a outros Professores que podem não ser seus? Então primeiro a avaliação dos Professores e depois a dos alunos?Isto é avaliação séria, Srª Ministra? Srª Ministra: - Sou uma professora que, tal como milhares neste país (a senhora viu quantos no 8 de Março, mas fez que não viu!), dediquei toda a minha vida ao Ensino. Dei sempre o meu melhor, trabalhei com gosto para os meus alunos, férias, fins-de-semana, noites; gosto de ensinar mas sinto-me REVOLTADA por a srª Ministra nos ter tirado (ou querer tirar) esse grande prazer: ENSINAR!- Sou uma Professora que, tal como milhares neste país, poderia ir agora para a reforma, mesmo com penalizações, mas VOU RESISTIR, não vou deixar que me obriguem a abandonar com mágoa, os meus alunos, a minha Escola!- Sou uma Professora que confio no bom senso e tenho esperança que ainda vá a horas de não deixar a degradação atingir, ainda mais as nossas escolas.- Srª Ministra oiça gente que sabe, (muita gente) dizer que é um crime o que se está a passar nas escolas portuguesas. Medina Carreira disse há poucos dias que se os pais tivessem a verdadeira percepção do que se está a passar na Escola em Portugal, viriam para a rua. Ele sabe do que fala. - Srª Ministra OIÇA os Professores. Eles estão nas Escolas, no terreno. Mais do que ninguém, eles estão a dizer-lhe que assim NÃO teremos sucesso educativo. Assim, o sucesso será apenas ESTATÍSTICO e ECONÓMICO! OS PROFESSORES (na sua maioria) SÃO SÉRIOS! QUEREM ENSINAR E QUEREM QUE OS SEUS ALUNOS APRENDAM! CONFIE NELES!OIÇA-NOS SRª MINISTRA! E para terminar, um poema de Alberto Caeiro que encontrei hoje no blog Terrear e uma frase de JMA. Des (aprender)
Procuro despir-me do que aprendi
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu...
Alberto Caeiro
P.S. Peço desculpa a quem me ler, pela agressividade de algumas expressões, mas tenho de soltar este grito de REVOLTA! Aos puristas linguísticos, também, mas a intenção não foi fazer prosa. Imaginei a Srª Ministra à minha frente e pus no papel aquilo que gostaria de lhe dizer.Peço desculpa também por não me identificar (por enquanto). Não o costumo fazer, mas as razões são óbvias!

Orgulhosamente só!

Avaliação da Ministra: Orgulhosamente Só

Senhora Ministra, sou um defensor de que todas as profissões e cargos devem ser avaliados. Quem acabou com a avaliação dos professores foi o seu governo, quando eliminou cerca de dois anos de tempo de serviço a todos os professores e deixou de exigir relatórios críticos de actividade, que deveriam incluir os seguintes itens:
1- Índice
2- Identificação do Docente
3- Introdução
4- Actividades Desenvolvidas
4.1- Serviço Distribuído
4.2- Desempenho e Cargos Directivos e Pedagógicos
4.3- Relação Pedagógica com os Alunos
4.4- Manuais Escolares e Obras de Leitura Integral
4.5- Participação em Projectos e Actividades Desenvolvidas no Âmbito da Comunidade Educativa
4.6- Cumprimento de Programas Curriculares
4.7- Acções de Formação Frequentadas
4.8- Cooperação com os Professores das Turmas e do Grupo Disciplinar
4.9- Assiduidade
5- Conclusão
Esses relatórios eram avaliados por uma comissão de avaliação e tinham de ser entregues até dois meses antes na mudança de escalão.
Dizer que nos últimos trinta anos não tinha havido avaliação é uma mentira grave que a devia envergonhar. Podia dizer que não concordava com esse modelo, estaria no seu direito, como eu tenho direito de não concordar com o seu modelo. Não tem o direito é de mentir descaradamente aos portugueses.

Desde já defendo um modelo simplificado de avaliação dos professores semelhante ao que foi imposto no ano anterior aos contratados, resultante do memorando de entendimento. Se todos já perceberam que é o que acontecerá no futuro, por que motivo não chega a acordo rapidamente e termina com a guerrilha que se instalou nas escolas, tentando impor um modelo que todos reconhecem injusto, burocrático, asfixiante e alicerçado em compadrios? A teimosia não leva a lado nenhum.
A vergonha não está em dialogar, mas numa ministra da educação não conseguir entrar em nenhuma escola pública e achar que tem condições para continuar.
Agora sugiro que a senhora ministra reflicta e faça uma auto-avaliação com base nos critérios impostos por si aos professores:
a) Relação com a comunidade educativa:
Critérios de insucesso:
1º 120 000 professores a protestar;
2º Os alunos não permitem que entre numa escola pública e fecham escolas;
3º Os Auxiliares da Acção Educativa fazem greves;
4º Os representantes dos Encarregados de Educação nos Conselhos Pedagógicos e Gerais votam favoravelmente moções que apelam à suspensão ou à simplificação do processo de avaliação;
Classificação da Senhora Ministra : Insuficiente
b) Redução do Abandono Escolar:
Critérios de insucesso:
1º Centenas de professores estão a pedir a reforma antecipada com grandes penalizações;
2º Todos os dias há alunos a emigrar com os pais para outros países, porque não conseguem sobreviver em Portugal.
Classificação: Insuficiente
c) Melhoria dos resultados dos alunos;
Critério de insucesso:

1º Se aplicar exames com o mesmo grau de dificuldade que os de há cinco anos atrás, verificará que os resultados serão muito piores, porque cada vez os alunos sabem menos, uma vez que não têm tempo para fazerem os trabalhos de casa com a excessiva carga horária de 14 disciplinas (no 7º ano).
2º Experimentei dar os mesmos testes que dava há 10 anos atrás e tive mais de 80% de insucesso, quando nessa altura tinha cerca de 10%.
Classificação: Insuficiente.
d) Formação Contínua:
Não se conhece nenhuma formação que tenha feito no último ano, por isso é insuficiente.

Como se apercebeu, a sua avaliação é insuficiente, mas como se mostra cega e surda aos sinais que a rodeiam, foi-lhe aplicado um Plano Educativo Individual e continua no cargo a prejudicar a escola pública.
Outra mentira que tem tentado passar é a de que os alunos não têm motivos para protestar, porque, segundo a senhora ministra e os secretários de estado, de acordo com o novo Estatuto do Aluno, os alunos que faltam justificadamente por doença não têm medidas correctivas ou Prova de Recuperação. A única forma de não estar a mentir é não ter lido o artigo 22.º que passo a citar para que não volte a mentir:

Efeitos das faltas
1 — Verificada a existência de faltas dos alunos, a
escola pode promover a aplicação da medida ou medidas
correctivas
previstas no artigo 26.º que se mostrem
adequadas, considerando igualmente o que estiver contemplado
no regulamento interno.
2 — Sempre que um aluno, independentemente da
natureza das faltas,
atinja um número total de faltas
correspondente a três semanas no 1.º ciclo do ensino
básico, ou ao triplo de tempos lectivos semanais, por
disciplina, nos 2.º e 3.º ciclos no ensino básico, no ensino
secundário e no ensino recorrente, ou, tratando -se,
exclusivamente, de faltas injustificadas, duas semanas
no 1.º ciclo do ensino básico ou o dobro de tempos
lectivos semanais, por disciplina, nos restantes ciclos
e níveis de ensino, deve realizar, logo que avaliados os
efeitos da aplicação das medidas correctivas referidas
no número anterior, uma prova de recuperação, na disciplina
ou disciplinas
em que ultrapassou aquele limite,
competindo ao conselho pedagógico fixar os termos
dessa realização.
Eu sublinhei as partes que a senhora Ministra ainda não tinha entendido para lhe facilitar a compreensão.
Mas se ainda não está convencida. Experimente chegar ao Conselho de Ministros e dizer:
- "Meus amigos, a partir de agora somos nós que nos vamos avaliar a nós próprios. Os ministros que nasceram antes de 1948 avaliam os restantes. Não importa se sabem mais ou menos. Vão avaliar o nosso trabalho, não só no conselho de ministros, mas também na comunicação social. Se trabalharmos muito e dermos nas vistas podemos ser classificados de “Muito Bom” ou de “Excelente”. No entanto, se houver mais do que um Excelente ou dois Muito Bons, essas classificações não poderão ser atribuídas, porque só poderia haver um Excelente e dois Muito Bons. Para finalizar tenho a dizer-vos que temos de aceitar tudo o que digo e não aceito qualquer tipo de reclamações."
Depois ouça o que eles têm para dizer.
Espero ansiosamente que a Escola volte à normalidade, pois esta situação é insustentável!
Avaliação simplificada já!
salvarescola@gmail.com

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Adolescentes de Felgueiras agredidos por militar GNR, diz pai


Sete estudantes das Escola EB 2,3 de Idães, Felgueiras, sofreram hoje escoriações após uma intervenção da GNR que tentava abrir a escola fechada a cadeado pelos alunos, disse à agência Lusa um encarregado de educação.

José Pinto garantiu que os jovens, incluindo um filho seu de 13 anos, tiveram de ser assistidos no Hospital Agostinho Ribeiro, em Felgueiras, e dois terão sido encaminhados de ambulância para o Hospital Padre Américo, em Penafiel.

As alegadas agressões ocorreram quando dezenas de alunos protestavam contra o regime de faltas e as aulas de substituição.

O adjunto de comando dos Bombeiros Voluntários de Felgueiras, Firmino Vieira, confirmou à Lusa ter transportado adolescentes para dois hospitais em três ambulâncias da corporação.

O director clínico do Hospital Agostinho Ribeiro, Caldas Afonso, confirmou que cinco jovens com pequenas escoriações foram assistidos naquela unidade de saúde, afirmando desconhecer a causa dos ferimentos.

O encarregado de educação explicou à Lusa que as agressões foram praticadas por um único militar da GNR, quando os alunos se encontravam junto ao portão principal da escola.

«Há várias testemunhas das agressões», precisou.

«Estive no hospital de Felgueiras e fiquei impressionado com o que vi. Eram várias crianças com hematomas», acrescentou, dizendo-se revoltado.

A Lusa tentou contactar o comandante do Destacamento Territorial de Felgueiras da GNR mas este mantém-se incontactável.

Neste momento, os encarregados de educação estão reunidos com o Conselho Executivo da escola e com o vereador de Educação da Câmara de Felgueiras, João Garção.

Diário Digital / Lusa

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Como explicar aos alunos as razões da luta dos professores!

Ajudar os alunos a entender o porquê de tanta revolta
com a questão da avaliação... podemos começar por sensibilizá-los para o nosso
problema... assim eles na casa já nos defendem :)

Estava a falar com uma amiga a respeito da avaliação dos
professores e a confusão que está a gerar nos nosso alunos...
Surgiu assim a ideia de dar uma explicação, recorrendo a
uma metáfora com a turma onde estão inseridos.

"Por exemplo um dia chegava uma pessoa à turma e dizia:
"Meus amigos a partir de agora são vocês que vos
vão avaliar a vocês próprios.
Os alunos que nasceram de Janeiro a Março avaliam
os restantes. Não importa se sabem mais ou menos.
Vão avaliar o vosso trabalho, não só na sala de aula
mas também no recreio. Se trabalharem muito e derem
muito nas vistas podem ser classificados de Muito Bom ou
de Excelente. No entanto se houver mais do que um Excelente
ou dois Muito Bons essas classificações não poderão
ser atribuídas, porque a pessoa tinha dito que só poderia haver um Excelente e dois Muito Bons.
"Para finalizar tenho a dizer-vos que têm de aceitar
tudo o que digo e não aceito qualquer tipo de reclamações." - avisa a tal pessoa."

Depois podem pedir a opnião da turma.
P.S. Isto ainda está no início se quiserem acrescentem.
Joaquim Jorge

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Obrigado, Fafe!

A ministra nem chegou a sair do carro, que não tardou em sair da cidade a grande velocidade.



Cerca de três centenas de manifestantes, entre alunos e professores, obrigaram esta tarde a Ministra da Educação a abandonar a cidade de Fafe, sem cumprir o evento que tinha programado. Com palavras de ordem e ovos, os protestantes nem deixaram a ministra pôr o pé fora do carro.
Maria de Lurdes Rodrigues tinha programada a presença na entrega de diplomas a mais formandos do Centro de Novas Oportunidades da Escola Profissional de Fafe. À chegada ao Estúdio Fénix, local marcado para a sessão, Maria de Lurdes Rodrigues deparou-se com a manifestação.
Os alunos aproximaram-se rapidamente da viatura oficial, alguns atirando ovos, e a ministra nem chegou a sair do carro. Após uma curta conversa circunstancial com o presidente da Câmara Municipal o carro da governante arrancou a grande velocidade em direcção à auto-estrada.
Na sua frente seguiu o carro que transportava Margarida Moreira, directora da Direcção Regional de Educação do Norte. Sujeito à ira dos alunos esteve a viatura oficial do município de Fafe.
Após este incidente chegaram ao local mais reforços da GNR que controlaram a situação. No entanto, há a registar a identificação de alguns alunos e a apreensão de algumas caixas de ovos.
A cerimónia de entrega de diplomas decorreu sem a presença da Ministra.

Uma ministra que não consegue entrar numa escola pública, não está a fazer nada no cargo!

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Sócrates Mentiu Mais uma Vez

O Sr. Sócrates mentiu mais uma vez ao dizer que 20 000 professores foram avaliados com o modelo que a sua ministra quer impor às escolas. Esses professores foram avaliados com o modelo simplificado que deveria ser aplicado a todos os docentes. Se ele o quiser simplificar, como o fez no ano passado, estaremos cá para o aceitar! Desafio-o a dizer o nome de um professor que tenha sido avaliado com o modelo inexequível que quer impor.

domingo, 9 de novembro de 2008

Só em Portugal...

Só em Portugal é que uma pessoa ex-fugitiva à justiça condenada em tribunal por desviar dinheiro dos contribuintes tem a "lata" de vir cantar vitória e ainda por cima com direito a tempo de antena no noticiário de um canal público de televisão sem qualquer contraditório. Será por ter familiares bem colocados por políticos que ajudou a eleger?
Só em Portugal é que há um Primeiro-Ministro que faz publicidade a um produto de uma empresa privada em cimeiras internacionais... Será que recebe uma comissão por cada computador que vende? Qualquer dia ainda nos vem bater à porta de casa para nos vender um "Magalhães".
Às vezes até sinto vergonha de ser português...
Ah! É verdade: uma dessas pessoas é brasileira...

Carta Aberta à Senhora Ministra da Educação (Mais uma)

Ex.ma Sr.ª
Ministra da Educação de Portugal Continental (nas ilhas há outros modelos de avaliação)
Assunto: Dúvidas sobre as reuniões
Apesar de saber que a Senhora Ministra recebe milhares de cartas por dia, venho por este meio enviar mais uma epístola, porque, depois de a ouvir repetidas vezes, aquando da segunda manifestação nacional de professores, afirmar que as escolas são desorganizadas por convocarem tantas reuniões e após ter tido duas semanas em que tive reuniões todos os dias e em que entrava na escola às 8 horas e 30 minutos e saía às 21 horas e 30 minutos (sem que fossem pagas horas extraordinárias), não resisto a perguntar-lhe a quais das seguintes reuniões me seria permitido faltar:
- Reunião de departamento para elaborar o plano de formação, analisar os resultados dos testes diagnósticos e definir metas e estratégias (2 horas);
- Reunião de grupo para definir metas, objectivos, preparar actividades para o PAA, analisar resultados, definir estratégias e planificar unidades didácticas (2 horas);
- Reunião de Estudo Acompanhado para estabelecer metas e planificar as actividades (1 hora);
- Reunião para elaboração do plano TIC (90 minutos);
- Reunião de Conselho de Turma (8º B) por causa de um aluno que tem de faltar, porque tem de fazer tratamentos quinzenais de uma doença grave e, de acordo com o novo estatuto do aluno, temos de lhe aplicar medidas correctivas, elaborar matrizes e provas de recuperação (1 hora);
- Reunião de Conselho de Turma (7º D) para aplicar medidas correctivas, elaborar matrizes e provas de recuperação, porque um aluno fora da escolaridade obrigatória, depois de receber o computador gratuitamente do programa eescolas decidiu faltar, segundo o Encarregado de Educação, “para passar o dia a jogar computador”. O pai tentou tirar-lhe o computador, mas foi agredido pelo filho.
- Reunião do Conselho Geral Transitório para elaborar o Regulamento Interno (3 horas);
- Acção de formação sobre a avaliação do desempenho (3 horas);
- Reunião com o avaliador para aprovar a grelha de plano de aula e o conteúdo a colocar no portefólio que terei de apresentar (2 horas);
Eram tantas convocatórias que, para não haver acumulação de reuniões, até houve um colega que convocou uma para o dia 5 de Outubro (tenho a fotocópia da convocatória em meu poder), é claro que a reunião foi adiada, porque num domingo e feriado não havia quem abrisse o portão da escola.
Num desses dias de reuniões intermináveis, a minha filha até disse à minha esposa, quando ela a deitava, sem eu ter chegado: “Agora o pai nunca está em casa!”
Na próxima semana também terei cinco reuniões de conselhos de turma intercalares pós-laborais para analisar os resultados (se tiver tempo de corrigir os 120 testes) e definir as metas para o PCT. Eu sei que sou “desorganizado” por ter dado testes a alunos a quem terei de dar boas notas, mas o meu nível de exigência ainda não desceu tão baixo. Também me disseram que tenho de apresentar os meus objectivos aos meus avaliadores até ao final da semana. Não sei se haverá uma reunião para o efeito, pois tem de haver uma negociação. Além disso, foi afixado um ofício que exigia que sugeríssemos datas para a supervisão de aulas.
Talvez devesse estar a planificar aulas, em vez de escrever esta carta, mas estava tão irritado com as suas doutas declarações que, se fosse preparar aulas neste momento, teria de deixar transparecer toda a minha indignação e os meus alunos não merecem.
Por outro lado, o seu modelo de avaliação padece de várias ilegalidades que sua excelência teima em não corrigir. Um exemplo é o facto de que, como as vagas que foram abertas e as condições impostas terem impedido que houvesse avaliadores titulares em todas as escolas, o Ministério permitiu que professores (não titulares) avaliassem os colegas que concorrem às mesmas vagas para as classificações de “Excelente” e de “Muito Bom” (que não contam só para efeitos de progressão, mas também de colocação), o que é um expediente que contraria o artigo 44.º do Código do Procedimento Administrativo, relativo aos casos de impedimento, que refere o seguinte: “Nenhum titular de órgão ou agente da Administração Pública pode intervir em procedimento administrativo ou em acto ou contrato de direito público ou privado da Administração Pública nos seguintes casos: a) Quando nele tenha interesse, por si, como representante ou como gestor de negócios de outra pessoa;”.
Além disso, avaliar os professores pelas taxas de abandono, como o novo modelo prevê, é tão inconcebível como seria avaliar os médicos pelas pessoas que falecem nos hospitais.
Trata-se de um modelo tão injusto e ineficaz que só quem não está por dentro do seu funcionamento é que pode aceitá-lo.
Um conselho: da próxima vez que queira importar um modelo de avaliação, copie de um país que tenha melhores resultados do que o nosso, pois até alguns alunos com mais dificuldades sabem que se deve copiar pelos alunos mais inteligentes.
Agora, estão a chamar-me para uma reunião semanal de uma turma de CEF, já não posso referir as injustiças das penalizações a que os professores estão sujeitos na sua avaliação se estiverem de licença de paternidade, de nojo ou por doença, mas despeço-me com todo o respeito que merece, deixando duas citações:
“A primeira fase do saber é amar os nossos professores.” Erasmo de Roterdão
“Ao emendar aquilo que precisa de correcção, o bom professor não está a ser rude.” Quintiliano
Um professor português de 2º categoria
salvarescola@gmail.com