Não é de minha autoria, mas poderia ser:
Portugal, 24 de Agosto de 2009
Senhor Primeiro-Ministro José Sócrates,
Sou professor e venho por este meio questioná-lo sobre algumas injustiças que o seu governo criou.
Gostaria que me esclarecesse:
1) por que motivo o tempo de serviço que retirou aos professores do continente ainda não foi devolvido, uma vez que os professores que leccionam nos Açores já viram o seu tempo de serviço (muito bem) restituído e foram reposicionados nos escalões a que tinham direito com os respectivos retroactivos. Os professores que leccionam no continente esforçaram-se por obter boas notas, enquanto andavam na Universidade e, depois, foram penalizados por não terem escolhido ir dar aulas para os Açores. Se a crise acabou, como gosta de anunciar, todos os que foram “congelados” deveriam ser reposicionados nos escalões a que têm direito.
2) Por que motivo nos Açores não houve necessidade de criar os professores titulares?
3) Por que motivo um professor com mais de 18 anos de serviço pôde passar a titular e um com menos nunca poderá aceder a esse posto por falta de vagas? Há uns anos atrás eu, com 12 anos de serviço, fui coordenador de departamento e agora não posso ser, porque o seu governo acha que só serei competente quando tiver mais 6 anos de serviço e os titulares se reformarem para se criarem mais vagas.
4) Por que motivo os professores serão os únicos a serem penalizados por estarem de licença de nojo, de casamento, de parto ou por motivos de doença?
5) Por que motivo diz que não gosta de ser insultado e deixa que os seus mais directos colaboradores insultem os outros:
a) «vocês [deputados do PS] estão a dar ouvidos a esses professorzecos» (Valter Lemos, Assembleia da República, 24/01/2008)
b) «caso haja grande número de professores a abandonar o ensino, sempre se poderiam recrutar novos no Brasil» (Jorge Pedreira, Novembro/2008)
c) «quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir quer um copo de leite!» (Jorge Pedreira, Auditório da Estalagem do Sado, 16/11/2008)
d) «[os professores são] arruaceiros, covardes, são como o esparguete (depois de esticados, partem), só são valentes quando estão em grupo!» (Margarida Moreira - DREN, Viana do Castelo, 28/11/2008)
6) Por que razão insiste numa divisão na carreira artificial para profissionais que têm a mesma formação e a mesma função na escola?
7) Por que motivo não quer dar tempo aos professores para prepararem as suas aulas ou pensa que temos assessores que o façam e teleponto nas salas de aulas?
8) Por que motivo não abre mais vagas para os cursos de medicina, uma vez que tem de importar médicos cubanos? Não tem vergonha de Cuba formar mais médicos do que Portugal?
Se tiver reparado não falei na avaliação dos professores, pois esse só é um problema porque dividiu a carreira, impedindo os professores mais jovens de progredir. Também não desci ao nível dos seus colaboradores, recorrendo ao insulto…
Deixo o meu email para resposta salvarescola@gmail.com , na esperança de que entre os seus muitos afazeres dedique algum tempo a responder a esta missiva.
Grato pela atenção,
Professor Filipe Gonçalves
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segunda-feira, 24 de agosto de 2009
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
A Indisciplina na Escola
Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores. Os participantes no encontro "Família e Escola: um espaço de convivência", dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas. "As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater. "As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou. Para Savater, os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores. No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, "são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os", acusa. "O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha. Há professores que são "vítimas nas mãos dos alunos". Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar uma escola" deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão "psicologicamente esgotados" e que se transformam "em autênticas vítimas nas mãos dos alunos". A liberdade, afirma, "exige uma componente de disciplina" que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade. "A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação "uma oportunidade e um privilégio". "Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina", frisa Fernando Savater. Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que "têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos". "Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia", afirmou. Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que "mais vale dar uma palmada, no momento certo" do que permitir as situações que depois se criam. Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.
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Educação,
Indisciplina na Sala de aula
sábado, 4 de outubro de 2008
Está na hora de gritar!
É tempo de dizer basta!
É tempo de dizer chega!
Corte-se o arame à mordaça
Corra a voz e encha a praça
Antes que a noite aniquile
Sem piedade e sem dó
A alegria que a traça
Espalhou como carraça
Na alma desfeita em pó.
É tempo de ver raiar
Já basta de noite tanta!
Raie o sol que nos espanta
Solte-se a voz na garganta
Que a hora chama por nós.
Venha D. Sebastião
Sem bruma e sem nevoeiro
Venham Camões e Pessoa
Acorramos a Lisboa
Na voz do Tejo em canoa
Que o Tejo chama por nós.
"Vamos todos de mãos dadas"
Com as lembranças da cidade
Que foi Templo e que foi rosto
De arrojo e intrepidez.
Vamos todos outra vez.
Vamos cumprir Portugal
Cumprir Camões e Pessoa
Acorramos a Lisboa
Que o Tejo Chama por nós.
Digamos com força tanta
Sem mordaça na garganta
Que chega de humilhação
Queremos EDUCAÇÃO!
Professores deste país
Vamos cumprir a raiz!
Vamos cumprir nosso Tejo
Na rua ou na nossa praça
Com a força de Lisboa
E a voz de uma canoa.
Professores deste país
A memória reclama
Acendei dos avós a chama
Que a Índia chama por nós.
Maria Isabel Fidalgo
É tempo de dizer chega!
Corte-se o arame à mordaça
Corra a voz e encha a praça
Antes que a noite aniquile
Sem piedade e sem dó
A alegria que a traça
Espalhou como carraça
Na alma desfeita em pó.
É tempo de ver raiar
Já basta de noite tanta!
Raie o sol que nos espanta
Solte-se a voz na garganta
Que a hora chama por nós.
Venha D. Sebastião
Sem bruma e sem nevoeiro
Venham Camões e Pessoa
Acorramos a Lisboa
Na voz do Tejo em canoa
Que o Tejo chama por nós.
"Vamos todos de mãos dadas"
Com as lembranças da cidade
Que foi Templo e que foi rosto
De arrojo e intrepidez.
Vamos todos outra vez.
Vamos cumprir Portugal
Cumprir Camões e Pessoa
Acorramos a Lisboa
Que o Tejo Chama por nós.
Digamos com força tanta
Sem mordaça na garganta
Que chega de humilhação
Queremos EDUCAÇÃO!
Professores deste país
Vamos cumprir a raiz!
Vamos cumprir nosso Tejo
Na rua ou na nossa praça
Com a força de Lisboa
E a voz de uma canoa.
Professores deste país
A memória reclama
Acendei dos avós a chama
Que a Índia chama por nós.
Maria Isabel Fidalgo
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Barcos à deriva
O Ministério da Educação, obcecado com o sucesso fictício dos resultados dos alunos, para o qual a avaliação do desempenho dos professores e o novo estatuto do aluno são dois instrumentos, esqueceu-se de resolver os problemas da escola.
Como eu sou coordenador do grupo disciplinar de Língua Portuguesa da minha escola, alguns colegas perguntaram-me como iríamos ensinar os alunos a escrever depois da assinatura do novo acordo ortográfico: passávamos a seguir o novo ou ensinávamos como até aqui? Se estamos a preparar alunos para o futuro, fará sentido continuar a utilizar a ortografia antiga?
Os manuais de Língua Portuguesa estão desactualizadíssimos, porque a adopção de novos manuais está suspensa há alguns anos, devido ao disparate que foi a TLEBS (Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário), imposta em todo o país sem discussão e suspensa por ser tão confusa e ambígua como o novo modelo de avaliação dos professores. Na minha opinião, os erros da TLEBS deveram-se à tentativa de copiar e adaptar à Língua Portuguesa as gramáticas das línguas germânicas, esquecendo ou querendo apagar as nossas raízes latinas. Assim, no 7.º ano os alunos têm um manual de Língua Portuguesa com a nova terminologia linguística, mas esses alunos, quando chegam ao 8.º e ao 9.º, têm manuais com a antiga terminologia.
Em relação ao novo acordo ortográfico, ainda não chegaram instruções aos professores, por isso cada um vai ensinar conforme a sua consciência o indicar. O problema vai reflectir-se nos exames ou talvez não: os professores correctores vão receber indicações do GAVE para aceitarem as duas ortografias, tal como o fazem actualmente para as duas terminologias.
O Ministério não sabe que indicações dar. As decisões estão a ser tomadas em cima do joelho e corrigidas no dia seguinte. Todos os dias chega legislação às escolas que contraria a do dia anterior. Ora é necessário rever o Regulamento Interno à pressa, ora temos até ao final do ano; ora há avaliação para todos, ora não há; ora temos de definir objectivos individuais para este ano, ora será só para o ano. Mas o que é isto, meus senhores? Que barco é este que tem um destino, mas ninguém sabe como lá chegar? Até há pessoas que nada entendem do que se passa actualmente no mar das escolas que já querem dar sugestões de como comandar as embarcações (turmas) superlotadas. Nós queremos ensinar e conduzir o barco a bom porto, mas há uma tempestade de ventos contrários lançados pela comandante da armada que leva cada um para seu lado. Não tenho dúvidas de que todos naufragaremos numa sociedade sem valores, sem assiduidade, sem respeito e sem produtividade.
Vou dar um exemplo muito simples para que todos (mesmo a ministra) o entendam: se um dia eu chegasse a uma sala de aula e dissesse que "Maria" era um nome próprio; no dia seguinte, um adjectivo, depois, um verbo e, no final, reafirmasse que era um nome próprio, acham que algum aluno confiaria em mim?
Podemos também nós confiar neste Ministério e no que ele está a fazer ao nosso país?
Se confiam nesta ministra para gerir a educação dos vossos filhos, têm de confiar muito mais nos professores, que, apesar de não serem perfeitos, cometem menos erros.
Como eu sou coordenador do grupo disciplinar de Língua Portuguesa da minha escola, alguns colegas perguntaram-me como iríamos ensinar os alunos a escrever depois da assinatura do novo acordo ortográfico: passávamos a seguir o novo ou ensinávamos como até aqui? Se estamos a preparar alunos para o futuro, fará sentido continuar a utilizar a ortografia antiga?
Os manuais de Língua Portuguesa estão desactualizadíssimos, porque a adopção de novos manuais está suspensa há alguns anos, devido ao disparate que foi a TLEBS (Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário), imposta em todo o país sem discussão e suspensa por ser tão confusa e ambígua como o novo modelo de avaliação dos professores. Na minha opinião, os erros da TLEBS deveram-se à tentativa de copiar e adaptar à Língua Portuguesa as gramáticas das línguas germânicas, esquecendo ou querendo apagar as nossas raízes latinas. Assim, no 7.º ano os alunos têm um manual de Língua Portuguesa com a nova terminologia linguística, mas esses alunos, quando chegam ao 8.º e ao 9.º, têm manuais com a antiga terminologia.
Em relação ao novo acordo ortográfico, ainda não chegaram instruções aos professores, por isso cada um vai ensinar conforme a sua consciência o indicar. O problema vai reflectir-se nos exames ou talvez não: os professores correctores vão receber indicações do GAVE para aceitarem as duas ortografias, tal como o fazem actualmente para as duas terminologias.
O Ministério não sabe que indicações dar. As decisões estão a ser tomadas em cima do joelho e corrigidas no dia seguinte. Todos os dias chega legislação às escolas que contraria a do dia anterior. Ora é necessário rever o Regulamento Interno à pressa, ora temos até ao final do ano; ora há avaliação para todos, ora não há; ora temos de definir objectivos individuais para este ano, ora será só para o ano. Mas o que é isto, meus senhores? Que barco é este que tem um destino, mas ninguém sabe como lá chegar? Até há pessoas que nada entendem do que se passa actualmente no mar das escolas que já querem dar sugestões de como comandar as embarcações (turmas) superlotadas. Nós queremos ensinar e conduzir o barco a bom porto, mas há uma tempestade de ventos contrários lançados pela comandante da armada que leva cada um para seu lado. Não tenho dúvidas de que todos naufragaremos numa sociedade sem valores, sem assiduidade, sem respeito e sem produtividade.
Vou dar um exemplo muito simples para que todos (mesmo a ministra) o entendam: se um dia eu chegasse a uma sala de aula e dissesse que "Maria" era um nome próprio; no dia seguinte, um adjectivo, depois, um verbo e, no final, reafirmasse que era um nome próprio, acham que algum aluno confiaria em mim?
Podemos também nós confiar neste Ministério e no que ele está a fazer ao nosso país?
Se confiam nesta ministra para gerir a educação dos vossos filhos, têm de confiar muito mais nos professores, que, apesar de não serem perfeitos, cometem menos erros.
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terça-feira, 1 de janeiro de 2008
Acabou a Democracia!
Acabou a democracia nas escolas com o novo “REGIME JURÍDICO DE AUTONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E GESTÃO DOS ESTABELECIMENTOS PÚBLICOS DA EDUCAÇÃO PRÉ-ESCOLAR E DOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO”.
Foi criado o cargo de “Director” que, ao contrário do que acontecia com os Presidentes do Conselho Executivo, não será eleito pela comunidade escolar, mas sim designado por um Conselho Geral, em que os representantes dos professores e do pessoal não docente estarão em minoria e os representantes da autarquia terão um poder excessivo. Representantes da autarquia que faltam às reuniões da Assembleia Municipal e que fogem para o Brasil! É este o exemplo de dignidade e ética que o governo quer mostrar à comunidade escolar? Os coordenadores de departamento, que até agora eram eleitos, também serão nomeados por esse Director, num compadrio de interesses.
Qual será a intenção do governo ao acabar com a democracia nas escolas?
Em primeiro lugar, pretende abafar ainda mais os professores;
Em segundo, deseja oficializar a “cunha” (sabemos perfeitamente como o Primeiro-Ministro concluiu o seu curso a um domingo à tarde e como foi ajudado pelo ex-Presidente da República, ao dissolver a Assembleia da República e ao convocar eleições antecipadas);
Em terceiro, pretende que o Director seja nomeado politicamente para melhor controlar os professores e despedir os que têm espírito crítico e que dizem as verdades sobre os governantes.
Uma prova do que foi referido anteriormente é o seguinte excerto do artigo 13.º do novo regime jurídico:
“1 – Ao Conselho Geral compete:
a) Eleger o respectivo presidente, de entre os representantes das autarquias, dos pais e encarregados de educação ou da comunidade local;”
Esta alínea inconstitucional inviabiliza que um professor ou um auxiliar da acção educativa seja eleito presidente do Conselho Geral. A democracia implica que todos possam ser eleitos para qualquer cargo e a impossibilidade dos professores e funcionários da escola serem eleitos presidentes do referido órgão é uma prova de que já não há democracia ou de que os professores, para este governo, são idênticos aos escravos da Grécia Antiga que não tinham direito a voto. Era como se o governo decretasse que os professores não podiam ser eleitos presidentes de junta, de câmara ou da república. É claro que os juízes do Tribunal Constitucional, que são nomeados pelo governo, não se importem com estes atropelos à Constituição, pois têm de pagar o “frete” a quem os escolheu. Os sindicatos mantêm-se em silêncio, pois os seus dirigentes também almejam favores do governo…
Se calhar quer impedir os professores de exercer o seu direito de cidadania, porque eles têm alguma instrução e podem aperceber-se do mal que este governo está a fazer às gerações futuras, pretendendo criar uma sociedade em que os absentistas, fugitivos e indisciplinados serão sempre premiados.
Este novo regime não vem melhorar nada nas escolas. O governo continua a esquecer-se de reduzir o número de alunos por turma, que seria o primeiro passo para melhorar o ensino em Portugal. Todas as outras medidas só servem para mascarar o insucesso das políticas do governo.
Jorge Almeida
Foi criado o cargo de “Director” que, ao contrário do que acontecia com os Presidentes do Conselho Executivo, não será eleito pela comunidade escolar, mas sim designado por um Conselho Geral, em que os representantes dos professores e do pessoal não docente estarão em minoria e os representantes da autarquia terão um poder excessivo. Representantes da autarquia que faltam às reuniões da Assembleia Municipal e que fogem para o Brasil! É este o exemplo de dignidade e ética que o governo quer mostrar à comunidade escolar? Os coordenadores de departamento, que até agora eram eleitos, também serão nomeados por esse Director, num compadrio de interesses.
Qual será a intenção do governo ao acabar com a democracia nas escolas?
Em primeiro lugar, pretende abafar ainda mais os professores;
Em segundo, deseja oficializar a “cunha” (sabemos perfeitamente como o Primeiro-Ministro concluiu o seu curso a um domingo à tarde e como foi ajudado pelo ex-Presidente da República, ao dissolver a Assembleia da República e ao convocar eleições antecipadas);
Em terceiro, pretende que o Director seja nomeado politicamente para melhor controlar os professores e despedir os que têm espírito crítico e que dizem as verdades sobre os governantes.
Uma prova do que foi referido anteriormente é o seguinte excerto do artigo 13.º do novo regime jurídico:
“1 – Ao Conselho Geral compete:
a) Eleger o respectivo presidente, de entre os representantes das autarquias, dos pais e encarregados de educação ou da comunidade local;”
Esta alínea inconstitucional inviabiliza que um professor ou um auxiliar da acção educativa seja eleito presidente do Conselho Geral. A democracia implica que todos possam ser eleitos para qualquer cargo e a impossibilidade dos professores e funcionários da escola serem eleitos presidentes do referido órgão é uma prova de que já não há democracia ou de que os professores, para este governo, são idênticos aos escravos da Grécia Antiga que não tinham direito a voto. Era como se o governo decretasse que os professores não podiam ser eleitos presidentes de junta, de câmara ou da república. É claro que os juízes do Tribunal Constitucional, que são nomeados pelo governo, não se importem com estes atropelos à Constituição, pois têm de pagar o “frete” a quem os escolheu. Os sindicatos mantêm-se em silêncio, pois os seus dirigentes também almejam favores do governo…
Se calhar quer impedir os professores de exercer o seu direito de cidadania, porque eles têm alguma instrução e podem aperceber-se do mal que este governo está a fazer às gerações futuras, pretendendo criar uma sociedade em que os absentistas, fugitivos e indisciplinados serão sempre premiados.
Este novo regime não vem melhorar nada nas escolas. O governo continua a esquecer-se de reduzir o número de alunos por turma, que seria o primeiro passo para melhorar o ensino em Portugal. Todas as outras medidas só servem para mascarar o insucesso das políticas do governo.
Jorge Almeida
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quarta-feira, 2 de maio de 2007
O Fim do Ensino Público
Eu falo do fim do “ensino público” e não do fim da “escola pública”, porque “escola pública” haverá durante mais alguns anos, até fecharem as portas de todas as escolas. Enquanto “ensino” implica que os alunos aprendam alguma coisa; “Escola” é o local onde as crianças passam o dia e são ocupadas ou entretidas pelos professores.
O fim do “ensino público” em Portugal foi decretado pela actual Ministra da (des)Educação e escrevo este artigo para que nunca ninguém se esqueça dos responsáveis pelo seu fim. As medidas que levaram à sua destruição foram:
1ª Decretar que todos os alunos que tivessem uma retenção, em qualquer ano da escolaridade obrigatória, nunca mais poderiam ficar retidos, mesmo que fossem para as aulas perturbar, entregassem os testes em branco, insultassem ou agredissem colegas e professores ou fossem suspensos. Esta situação provoca a revolta dos poucos alunos que ainda consideram que vale a pena tentar aprender alguma coisa, pois esforçam-se e vêem que os que os impedem de aprender têm o mesmo sucesso!
2ª Impedir que os professores marcassem trabalhos de casa para que os alunos não se habituem a trabalhar, pois, quando crescerem, correm o risco de irem para o desemprego e, se estiverem habituados a trabalhar, podem reclamar emprego e provocar uma revolução que expulse estes incompetentes do governo. Felizmente, há professores que se preocupam com a aprendizagem dos alunos e vão marcando trabalhos de casa, na esperança de que os pais não os denunciem à ministra.
3ª Impedir que os professores preparem as suas aulas e corrijam testes, pois só permite que estes trabalhem em casa sete horas por semana, o que não dá para preparar um terço das aulas, quanto mais para elaborar e corrigir testes. Assim, os professores não devem dar testes, caso contrário têm de trabalhar muitas horas na sua elaboração e na sua correcção, o que é muito mais do que o que a ministra permite. Se os professores não derem testes, já não terão problemas de consciência ao deixar passar os alunos que não querem aprender, tal como a ministra exige!
4ª Obrigar, mesmo contra a decisão dos tribunais, os professores a darem aulas de substituição gratuitas a alunos que não conhecem.
5ª Minar a autoridade dos professores, obrigando-os a terem aulas assistidas para serem avaliados em vez dos alunos!
6ª Roubar o tempo de serviço aos professores. Não se trata de um “congelamento”, como erradamente defende o governo, uma vez que esse tempo nunca voltará a ser contabilizado, mas de um roubo descarado com a conivência dos sindicatos e do Tribunal Constitucional.
7ª Dividir a carreira docente em duas categorias: a dos professores titulares, que serão nomeados pelo governo para serem os seus novos “bufos” e não eleitos pelos seus pares, e a de professores, que darão efectivamente as aulas e ganharão muito menos de metade do salário dos outros.
8ª Fechar as escolas do interior para que toda a população vá habitar nas grandes cidades.
9ª Não reduzir o número de alunos por turma, porque isso poderia fazer com que os alunos aprendessem alguma coisa, começassem a ter espírito crítico e se apercebessem de que este governo está a deixar as pessoas cada vez mais pobres, a desertificar o interior e a explorar quem trabalha.
10ª Insultar os professores, dizendo que eles não se preocupam com o sucesso dos seus alunos para esconder o seu desejo de que os alunos tenham transitem sem haver necessidade de aprenderem realmente.
11ª Impedir os professores de levar os alunos a visitas de estudo ou de participar em actividades, uma vez que eles têm de cumprir o número de aulas previstas. Caso o professor se preocupe com os alunos, pode levá-los à actividade, trabalhando todo o dia, responsabilizando-se por eles e, depois, terá de dar as aulas, noutro dia, gratuitamente, aos alunos que não foram. Com isto a Ministra quer impedir que os alunos saiam da escola para que não se apercebam da realidade que os envolve.
12ª Obrigar os professores a darem aulas, quer estejam doentes, quer lhes tenha morrido um familiar próximo, quer tenham sido pais, mesmo que a Constituição consagre que os trabalhadores têm direito a essas licenças, uma vez que a ministra só quer saber do número de aulas dadas.
13ª Os professores serem avaliados pelos pais dos alunos que não os conhecem e pelo número de discentes que abandonaram a escola. Era como se o governo fosse avaliado pelo número de emigrantes que deixam o país e fosse eleito pelos votos das pessoas que nunca viveram em Portugal.
14º Avaliar os professores pelas notas que dão. Coitados dos professores das piores turmas! (Por momentos esqueci-me de que todos os alunos têm de ter sucesso!)
Poderia enunciar muito mais medidas, mas penso que estas já chegam para mostrar o que esta Ministra já estragou. Daqui a uns anos vamos assistir ao fecho de todas as escolas públicas, pois os alunos vão perceber que podem ir a uma escola privada e comprar o curso, sem precisarem de frequentar as aulas nem de fazerem exames.
Não sei a que propósito, lembrei-me agora de que, na aldeia onde passei a minha infância, havia um “médico”, que tinha um consultório com muita clientela, mas veio a descobrir-se que ele apenas tinha a quarta classe. Claro que foi detido e as pessoas começaram a dizer que ele era um “doutor da mula russa” ou um “charlatão”. Interrogo-me, agora, do nome que se devia atribuir a alguém que se fazia passar por engenheiro, antes de o ser. De seguida, vou consultar o dicionário para verificar se “engenheiro da mula russa” ou “charlatão” também se podem utilizar nesse caso.
O fim do “ensino público” em Portugal foi decretado pela actual Ministra da (des)Educação e escrevo este artigo para que nunca ninguém se esqueça dos responsáveis pelo seu fim. As medidas que levaram à sua destruição foram:
1ª Decretar que todos os alunos que tivessem uma retenção, em qualquer ano da escolaridade obrigatória, nunca mais poderiam ficar retidos, mesmo que fossem para as aulas perturbar, entregassem os testes em branco, insultassem ou agredissem colegas e professores ou fossem suspensos. Esta situação provoca a revolta dos poucos alunos que ainda consideram que vale a pena tentar aprender alguma coisa, pois esforçam-se e vêem que os que os impedem de aprender têm o mesmo sucesso!

2ª Impedir que os professores marcassem trabalhos de casa para que os alunos não se habituem a trabalhar, pois, quando crescerem, correm o risco de irem para o desemprego e, se estiverem habituados a trabalhar, podem reclamar emprego e provocar uma revolução que expulse estes incompetentes do governo. Felizmente, há professores que se preocupam com a aprendizagem dos alunos e vão marcando trabalhos de casa, na esperança de que os pais não os denunciem à ministra.
3ª Impedir que os professores preparem as suas aulas e corrijam testes, pois só permite que estes trabalhem em casa sete horas por semana, o que não dá para preparar um terço das aulas, quanto mais para elaborar e corrigir testes. Assim, os professores não devem dar testes, caso contrário têm de trabalhar muitas horas na sua elaboração e na sua correcção, o que é muito mais do que o que a ministra permite. Se os professores não derem testes, já não terão problemas de consciência ao deixar passar os alunos que não querem aprender, tal como a ministra exige!
4ª Obrigar, mesmo contra a decisão dos tribunais, os professores a darem aulas de substituição gratuitas a alunos que não conhecem.
5ª Minar a autoridade dos professores, obrigando-os a terem aulas assistidas para serem avaliados em vez dos alunos!
6ª Roubar o tempo de serviço aos professores. Não se trata de um “congelamento”, como erradamente defende o governo, uma vez que esse tempo nunca voltará a ser contabilizado, mas de um roubo descarado com a conivência dos sindicatos e do Tribunal Constitucional.
7ª Dividir a carreira docente em duas categorias: a dos professores titulares, que serão nomeados pelo governo para serem os seus novos “bufos” e não eleitos pelos seus pares, e a de professores, que darão efectivamente as aulas e ganharão muito menos de metade do salário dos outros.
8ª Fechar as escolas do interior para que toda a população vá habitar nas grandes cidades.
9ª Não reduzir o número de alunos por turma, porque isso poderia fazer com que os alunos aprendessem alguma coisa, começassem a ter espírito crítico e se apercebessem de que este governo está a deixar as pessoas cada vez mais pobres, a desertificar o interior e a explorar quem trabalha.
10ª Insultar os professores, dizendo que eles não se preocupam com o sucesso dos seus alunos para esconder o seu desejo de que os alunos tenham transitem sem haver necessidade de aprenderem realmente.
11ª Impedir os professores de levar os alunos a visitas de estudo ou de participar em actividades, uma vez que eles têm de cumprir o número de aulas previstas. Caso o professor se preocupe com os alunos, pode levá-los à actividade, trabalhando todo o dia, responsabilizando-se por eles e, depois, terá de dar as aulas, noutro dia, gratuitamente, aos alunos que não foram. Com isto a Ministra quer impedir que os alunos saiam da escola para que não se apercebam da realidade que os envolve.
12ª Obrigar os professores a darem aulas, quer estejam doentes, quer lhes tenha morrido um familiar próximo, quer tenham sido pais, mesmo que a Constituição consagre que os trabalhadores têm direito a essas licenças, uma vez que a ministra só quer saber do número de aulas dadas.
13ª Os professores serem avaliados pelos pais dos alunos que não os conhecem e pelo número de discentes que abandonaram a escola. Era como se o governo fosse avaliado pelo número de emigrantes que deixam o país e fosse eleito pelos votos das pessoas que nunca viveram em Portugal.
14º Avaliar os professores pelas notas que dão. Coitados dos professores das piores turmas! (Por momentos esqueci-me de que todos os alunos têm de ter sucesso!)
Poderia enunciar muito mais medidas, mas penso que estas já chegam para mostrar o que esta Ministra já estragou. Daqui a uns anos vamos assistir ao fecho de todas as escolas públicas, pois os alunos vão perceber que podem ir a uma escola privada e comprar o curso, sem precisarem de frequentar as aulas nem de fazerem exames.
Não sei a que propósito, lembrei-me agora de que, na aldeia onde passei a minha infância, havia um “médico”, que tinha um consultório com muita clientela, mas veio a descobrir-se que ele apenas tinha a quarta classe. Claro que foi detido e as pessoas começaram a dizer que ele era um “doutor da mula russa” ou um “charlatão”. Interrogo-me, agora, do nome que se devia atribuir a alguém que se fazia passar por engenheiro, antes de o ser. De seguida, vou consultar o dicionário para verificar se “engenheiro da mula russa” ou “charlatão” também se podem utilizar nesse caso.
quarta-feira, 28 de março de 2007
Interrogações à Ministra da Educação
Segue-se uma lista de questões que ainda nenhum jornalista teve coragem de fazer à Srª. Ministra da DesEducação sobre o novo Estatuto da Carreira Docente:
1ª Qual foi a razão para escolher 18 anos de serviço para se chegar a professor titular? Por que motivo os professores titulares não serão escolhidos pelos membros do seu departamento, numa eleição democrática, com um mandato limitado, de modo a ser reconduzido ou não? Terá este governo medo da democracia? De acordo com o Estatuto da Ministra, o professor titular é escolhido num concurso exterior à escola e o seleccionado terá o cargo para sempre, seja competente nas novas funções ou não.
2ª Depois de haver um quadro completo de professores titulares e com a idade da reforma sempre a aumentar, os outros professores, que por falta de tempo de serviço não puderam concorrer ao primeiro concurso, nem que tenham sempre a classificação de “Excelente”, não poderão aceder a essa categoria por falta de vagas e estarão, possivelmente, a “rezar” para que o titular do seu departamento tenha uma doença que o impeça de coordenar as actividades. O que fará a Sr.ª Ministra para compensar esses professores condenados a “substitutos” por toda a vida?
3ª Uma vez que os professores serão avaliados pelo abandono escolar dos alunos, de que modo quer a Sr.ª Ministra que os docentes, que também têm dificuldades financeiras, dêem dinheiro às famílias para que elas mantenham os adolescentes num sistema de ensino que só é gratuito na Constituição? Um Governo, que se preocupa mais com os números do que com as pessoas, tem criado mais dificuldades às famílias, provocando o abandono escolar de que a Sr.ª Ministra responsabiliza os professores...
4ª Se os professores vão ser avaliados pelos resultados escolares dos alunos, não sendo masoquistas, os docentes vão avaliar positivamente todos os alunos, criando um sucesso artificial e desmotivador para aqueles bons alunos que, neste momento, ainda se aplicam. Para quando um ensino de qualidade e exigente para os discentes de modo a que eles não sejam aprovados só por se terem matriculado?
5ª Por que motivo é que a Sr.ª Ministra disse que os piores resultados dos Exames Nacionais do Ensino Básico são a Língua Portuguesa e a Matemática, quando só há exames a essas disciplinas e quando a maior parte dos alunos que acaba o terceiro ciclo não sabe escrever ou dizer uma frase completa em Inglês ou em Francês, uma vez que eles podem transitar com nível dois a várias disciplinas?
6ª Serão os professores de Língua Portuguesa e de Matemática também avaliados pelos resultados dos seus alunos nos Exames Nacionais e os docentes das outras disciplinas só pelos níveis que atribuem, pois as suas disciplinas não são alvo de Exames Nacionais?
7ª Quando é que a Sr.ª Ministra se preocupará verdadeiramente com um ensino de qualidade e mostrará capacidade para reduzir o número máximo de alunos por turma? Em consciência, como é possível que um docente consiga, em noventa minutos de aula, diversificar as estratégias de modo a que os 28 alunos consigam ter realmente sucesso? O sucesso não deveria ser também nas aprendizagens e não só nas estatísticas?
8ª A supervisão de aulas não será uma forma de retirar a autoridade do professor (tantas vezes posta em causa pela Ministra) perante os alunos na sala de aula?
9ª Com um sistema de avaliação por quotas, como é que a Sr.ª Ministra deseja que os professores partilhem materiais, estratégias e experiências com colegas que os podem ultrapassar? Haverá imensos conflitos entre professores, os Conselhos de Turma servirão apenas para o lançamento de níveis positivos, sem que os professores conversem entre si para resolver os problemas dos alunos, como o faziam até aqui. É esta a escola que a Sr.ª Ministra quer? Possivelmente será, pois alguém que não sabe ouvir quem tem experiência no terreno, que não respeita a opinião dos outros, que decide de forma absolutista e anti-social, só pode querer uma escola em que os professores sejam todos egoístas e que não promovam a socialização dos seus alunos.
Seria bom ouvir a Sr.ª Ministra responder a alguma destas questões, mas como a sua preocupação é a de ser Ministra da Poupança e não da Educação, estará mais preocupada em saber como retirar mais dinheiro aos professores para o seu “chefe” poder comprar navios de guerra em segunda mão, criar uma linha de TGV para poupar 20 minutos numa viagem de Lisboa ao Porto e encomendar estudos a empresas de amigos, para que tenham os resultados que lhe interessam. A propósito do “chefe”, como são os professores que mais viajam nas auto-estradas e nas SCUT diariamente, fica também uma pergunta para ele:
Quando foi eleito, aumentou o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos, dizendo que era para suportar o custo das SCUT, agora, que vai criar portagens para as SCUT do Norte, também vai baixar esse Imposto?
1ª Qual foi a razão para escolher 18 anos de serviço para se chegar a professor titular? Por que motivo os professores titulares não serão escolhidos pelos membros do seu departamento, numa eleição democrática, com um mandato limitado, de modo a ser reconduzido ou não? Terá este governo medo da democracia? De acordo com o Estatuto da Ministra, o professor titular é escolhido num concurso exterior à escola e o seleccionado terá o cargo para sempre, seja competente nas novas funções ou não.
2ª Depois de haver um quadro completo de professores titulares e com a idade da reforma sempre a aumentar, os outros professores, que por falta de tempo de serviço não puderam concorrer ao primeiro concurso, nem que tenham sempre a classificação de “Excelente”, não poderão aceder a essa categoria por falta de vagas e estarão, possivelmente, a “rezar” para que o titular do seu departamento tenha uma doença que o impeça de coordenar as actividades. O que fará a Sr.ª Ministra para compensar esses professores condenados a “substitutos” por toda a vida?
3ª Uma vez que os professores serão avaliados pelo abandono escolar dos alunos, de que modo quer a Sr.ª Ministra que os docentes, que também têm dificuldades financeiras, dêem dinheiro às famílias para que elas mantenham os adolescentes num sistema de ensino que só é gratuito na Constituição? Um Governo, que se preocupa mais com os números do que com as pessoas, tem criado mais dificuldades às famílias, provocando o abandono escolar de que a Sr.ª Ministra responsabiliza os professores...
4ª Se os professores vão ser avaliados pelos resultados escolares dos alunos, não sendo masoquistas, os docentes vão avaliar positivamente todos os alunos, criando um sucesso artificial e desmotivador para aqueles bons alunos que, neste momento, ainda se aplicam. Para quando um ensino de qualidade e exigente para os discentes de modo a que eles não sejam aprovados só por se terem matriculado?
5ª Por que motivo é que a Sr.ª Ministra disse que os piores resultados dos Exames Nacionais do Ensino Básico são a Língua Portuguesa e a Matemática, quando só há exames a essas disciplinas e quando a maior parte dos alunos que acaba o terceiro ciclo não sabe escrever ou dizer uma frase completa em Inglês ou em Francês, uma vez que eles podem transitar com nível dois a várias disciplinas?
6ª Serão os professores de Língua Portuguesa e de Matemática também avaliados pelos resultados dos seus alunos nos Exames Nacionais e os docentes das outras disciplinas só pelos níveis que atribuem, pois as suas disciplinas não são alvo de Exames Nacionais?
7ª Quando é que a Sr.ª Ministra se preocupará verdadeiramente com um ensino de qualidade e mostrará capacidade para reduzir o número máximo de alunos por turma? Em consciência, como é possível que um docente consiga, em noventa minutos de aula, diversificar as estratégias de modo a que os 28 alunos consigam ter realmente sucesso? O sucesso não deveria ser também nas aprendizagens e não só nas estatísticas?
8ª A supervisão de aulas não será uma forma de retirar a autoridade do professor (tantas vezes posta em causa pela Ministra) perante os alunos na sala de aula?
9ª Com um sistema de avaliação por quotas, como é que a Sr.ª Ministra deseja que os professores partilhem materiais, estratégias e experiências com colegas que os podem ultrapassar? Haverá imensos conflitos entre professores, os Conselhos de Turma servirão apenas para o lançamento de níveis positivos, sem que os professores conversem entre si para resolver os problemas dos alunos, como o faziam até aqui. É esta a escola que a Sr.ª Ministra quer? Possivelmente será, pois alguém que não sabe ouvir quem tem experiência no terreno, que não respeita a opinião dos outros, que decide de forma absolutista e anti-social, só pode querer uma escola em que os professores sejam todos egoístas e que não promovam a socialização dos seus alunos.
Seria bom ouvir a Sr.ª Ministra responder a alguma destas questões, mas como a sua preocupação é a de ser Ministra da Poupança e não da Educação, estará mais preocupada em saber como retirar mais dinheiro aos professores para o seu “chefe” poder comprar navios de guerra em segunda mão, criar uma linha de TGV para poupar 20 minutos numa viagem de Lisboa ao Porto e encomendar estudos a empresas de amigos, para que tenham os resultados que lhe interessam. A propósito do “chefe”, como são os professores que mais viajam nas auto-estradas e nas SCUT diariamente, fica também uma pergunta para ele:
Quando foi eleito, aumentou o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos, dizendo que era para suportar o custo das SCUT, agora, que vai criar portagens para as SCUT do Norte, também vai baixar esse Imposto?

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quinta-feira, 1 de março de 2007
Pelo bem das pessoas...
Estou profundamente triste com o estado a que chegou a Educação em Portugal. A Ministra da Educação não tem um rumo, limita-se a lançar para o ar uma série de ideias sem aplicação prática, com o único objectivo de explorar os professores.
Reparem nas graves contradições:
1ª Os alunos que estão agora no sétimo ano andaram a aprender até ao sexto a antiga terminologia linguística, no sétimo estão a aprender a nova Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário, mas no oitavo voltarão a aprender a antiga, pois a Senhora Ministra suspendeu a adopção de novos manuais para o oitavo. Assim, está a fazer de cobaias dezenas de milhares de alunos que frequentam o sétimo ano neste país.
2ª Embora os tribunais tenham dado razão aos professores, a Ministra continua a obrigar os professores, depois de darem as suas aulas, a substituírem gratuitamente os colegas que faltam, escravizando uma classe e prejudicando os professores que não faltam.
3ª Obrigando os professores a estar na escola, mesmo que não tenham aulas, condena os professores a trabalharem imenso em casa, durante a noite, para corrigirem testes e prepararem aulas, prejudicando o seu descanso e criando mais “stress”.
4ª Avaliando os professores pelos resultados dos alunos, a Ministra vai fazer com que todos eles tenham boas notas, sem necessitarem de estudar nem de fazerem os trabalhos de casa, pois estão proibidos. Vamos ter uma geração de alunos sem formação, porque estarão habituados a ter tudo de mão beijada. Será que a vida vai oferecer-lhes sempre tudo com facilidade? Talvez para aqueles que forem convidados para Ministros.
5ª Ao não diminuir o número máximo de alunos por turma, a Senhora Ministra continua a mostrar que não se preocupa com a qualidade da educação, mas com a melhor forma de fechar escolas e desertificar o interior.
6ª Recentemente, lançou a ideia do professor tutor no 2º ciclo, que não será mais do que dar outro nome ao Director de Turma, porque no Estatuto da Carreira Docente que a Ministra aprovou sozinha recentemente, dois terços da formação dos professores terá de ser na sua área. Assim, se os professores de Professores de Língua Portuguesa tiverem de dar Matemática e vice-versa, tê-lo-ão de fazer sem formação, senão estariam a violar o Estatuto da Ministra. Os professores que vierem a ser formados para o efeito, daqui a cinco anos, não terão vagas no ensino e irão para o desemprego.
7º Diz-se que o novo Estatuto entrou recentemente em vigor, mas o (des)Governo “congelou” (“apagou” seria a palavra mais correcta, porque esse período nunca será descongelado) o tempo de serviço por mais um ano, por conseguinte, mesmo que os professores tenham classificação de “excelente” não progredirão na carreira, ou seja, para os efeitos de progressão o novo Estatuto não entrou em vigor, só está em vigor nos aspectos que permitem à Ministra torturar os docentes.
8º A Ministra farta-se de dizer que quer premiar os bons professores, mas o critério para passar a professor titular não tem a ver com o mérito, mas com o tempo de serviço.
9º A Ministra diz que os resultados nos Exames Nacionais do 9º ano são insatisfatórios às disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática. Isto só acontece, porque ainda não foram alargados às outras disciplinas. Os resultados seriam iguais a todas as disciplinas, porque os alunos sabem que têm sucesso quer estudem, quer não, pois o que a Ministra quer é que eles transitem de ano, mesmo que não tenham atingido as competências, por causa das estatísticas. É desta exigência que a Ministra fala?
São contradições típicas de alguém que não sabe o que quer e que dirige o ministério que mais necessitava de uma visão estratégica.
Mas a exploração não é só aos professores.
O Primeiro-Ministro, quando foi eleito, depois de prometer que não mexia nos impostos, além de aumentar o IVA, anunciou que aumentava o imposto sobre os produtos petrolíferos para não criar as portagens nas SCUT, no entanto, lembrou-se de criar portagens nas SCUT, ao contrário do que tinha prometido com pompa e circunstância, e não diminuiu o imposto sobre os produtos petrolíferos, ou seja, tira-nos dinheiro de duas formas!
O Governo contratou alguns assessores para dizerem na comunicação social que o país está em crise, para que as pessoas aceitem de bom grado o aumento de todos os impostos. No entanto, a dita “crise” permite que os gestores de empresas públicas sejam aumentados 200% e os membros do governo 6%. Talvez seja verdade que haja crise, mas a crise é só para alguns que desde há oito anos não têm aumentos reais.
O governo considera um investimento mais produtivo utilizar o dinheiro dos contribuintes para pagar a médicos para matar fetos, do que possibilitar um médico de família a todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde. Por falta de dinheiro não será, pois o Ministro da Saúde disse recentemente que havia muito dinheiro para pagar as interrupções voluntárias das gravidezes nos hospitais públicos.
Este (des)Governo insiste que as medidas que toma contra as pessoas são pelo bem do país, mas eu considero que o país é uma entidade que representa as pessoas que nele habitam, por isso as decisões de um bom Governo deveriam ser pelo bem das pessoas. Só beneficiando as pessoas é que se beneficiaria o país.
Jorge Almeida
jorgemralmeida@gmail.com
Reparem nas graves contradições:
1ª Os alunos que estão agora no sétimo ano andaram a aprender até ao sexto a antiga terminologia linguística, no sétimo estão a aprender a nova Terminologia Linguística dos Ensinos Básico e Secundário, mas no oitavo voltarão a aprender a antiga, pois a Senhora Ministra suspendeu a adopção de novos manuais para o oitavo. Assim, está a fazer de cobaias dezenas de milhares de alunos que frequentam o sétimo ano neste país.
2ª Embora os tribunais tenham dado razão aos professores, a Ministra continua a obrigar os professores, depois de darem as suas aulas, a substituírem gratuitamente os colegas que faltam, escravizando uma classe e prejudicando os professores que não faltam.
3ª Obrigando os professores a estar na escola, mesmo que não tenham aulas, condena os professores a trabalharem imenso em casa, durante a noite, para corrigirem testes e prepararem aulas, prejudicando o seu descanso e criando mais “stress”.
4ª Avaliando os professores pelos resultados dos alunos, a Ministra vai fazer com que todos eles tenham boas notas, sem necessitarem de estudar nem de fazerem os trabalhos de casa, pois estão proibidos. Vamos ter uma geração de alunos sem formação, porque estarão habituados a ter tudo de mão beijada. Será que a vida vai oferecer-lhes sempre tudo com facilidade? Talvez para aqueles que forem convidados para Ministros.
5ª Ao não diminuir o número máximo de alunos por turma, a Senhora Ministra continua a mostrar que não se preocupa com a qualidade da educação, mas com a melhor forma de fechar escolas e desertificar o interior.
6ª Recentemente, lançou a ideia do professor tutor no 2º ciclo, que não será mais do que dar outro nome ao Director de Turma, porque no Estatuto da Carreira Docente que a Ministra aprovou sozinha recentemente, dois terços da formação dos professores terá de ser na sua área. Assim, se os professores de Professores de Língua Portuguesa tiverem de dar Matemática e vice-versa, tê-lo-ão de fazer sem formação, senão estariam a violar o Estatuto da Ministra. Os professores que vierem a ser formados para o efeito, daqui a cinco anos, não terão vagas no ensino e irão para o desemprego.
7º Diz-se que o novo Estatuto entrou recentemente em vigor, mas o (des)Governo “congelou” (“apagou” seria a palavra mais correcta, porque esse período nunca será descongelado) o tempo de serviço por mais um ano, por conseguinte, mesmo que os professores tenham classificação de “excelente” não progredirão na carreira, ou seja, para os efeitos de progressão o novo Estatuto não entrou em vigor, só está em vigor nos aspectos que permitem à Ministra torturar os docentes.
8º A Ministra farta-se de dizer que quer premiar os bons professores, mas o critério para passar a professor titular não tem a ver com o mérito, mas com o tempo de serviço.
9º A Ministra diz que os resultados nos Exames Nacionais do 9º ano são insatisfatórios às disciplinas de Língua Portuguesa e de Matemática. Isto só acontece, porque ainda não foram alargados às outras disciplinas. Os resultados seriam iguais a todas as disciplinas, porque os alunos sabem que têm sucesso quer estudem, quer não, pois o que a Ministra quer é que eles transitem de ano, mesmo que não tenham atingido as competências, por causa das estatísticas. É desta exigência que a Ministra fala?
São contradições típicas de alguém que não sabe o que quer e que dirige o ministério que mais necessitava de uma visão estratégica.
Mas a exploração não é só aos professores.
O Primeiro-Ministro, quando foi eleito, depois de prometer que não mexia nos impostos, além de aumentar o IVA, anunciou que aumentava o imposto sobre os produtos petrolíferos para não criar as portagens nas SCUT, no entanto, lembrou-se de criar portagens nas SCUT, ao contrário do que tinha prometido com pompa e circunstância, e não diminuiu o imposto sobre os produtos petrolíferos, ou seja, tira-nos dinheiro de duas formas!
O Governo contratou alguns assessores para dizerem na comunicação social que o país está em crise, para que as pessoas aceitem de bom grado o aumento de todos os impostos. No entanto, a dita “crise” permite que os gestores de empresas públicas sejam aumentados 200% e os membros do governo 6%. Talvez seja verdade que haja crise, mas a crise é só para alguns que desde há oito anos não têm aumentos reais.
O governo considera um investimento mais produtivo utilizar o dinheiro dos contribuintes para pagar a médicos para matar fetos, do que possibilitar um médico de família a todos os utentes do Serviço Nacional de Saúde. Por falta de dinheiro não será, pois o Ministro da Saúde disse recentemente que havia muito dinheiro para pagar as interrupções voluntárias das gravidezes nos hospitais públicos.
Este (des)Governo insiste que as medidas que toma contra as pessoas são pelo bem do país, mas eu considero que o país é uma entidade que representa as pessoas que nele habitam, por isso as decisões de um bom Governo deveriam ser pelo bem das pessoas. Só beneficiando as pessoas é que se beneficiaria o país.
Jorge Almeida
jorgemralmeida@gmail.com
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