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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
A Indisciplina na Escola
Especialistas em educação reunidos na cidade espanhola de Valência defenderam hoje que o aumento da violência escolar deve-se, em parte, a uma crise de autoridade familiar, pelo facto de os pais renunciarem a impor disciplina aos filhos, remetendo essa responsabilidade para os professores. Os participantes no encontro "Família e Escola: um espaço de convivência", dedicado a analisar a importância da família como agente educativo, consideram que é necessário evitar que todo o peso da autoridade sobre os menores recaia nas escolas. "As crianças não encontram em casa a figura de autoridade", que é um elemento fundamental para o seu crescimento, disse o filósofo Fernando Savater. "As famílias não são o que eram antes e hoje o único meio com que muitas crianças contactam é a televisão, que está sempre em casa", sublinhou. Para Savater, os pais continuam "a não querer assumir qualquer autoridade", preferindo que o pouco tempo que passam com os filhos "seja alegre" e sem conflitos e empurrando o papel de disciplinador quase exclusivamente para os professores. No entanto, e quando os professores tentam exercer esse papel disciplinador, "são os próprios pais e mães que não exerceram essa autoridade sobre os filhos que tentam exercê-la sobre os professores, confrontando-os", acusa. "O abandono da sua responsabilidade retira aos pais a possibilidade de protestar e exigir depois. Quem não começa por tentar defender a harmonia no seu ambiente, não tem razão para depois se ir queixar", sublinha. Há professores que são "vítimas nas mãos dos alunos". Savater acusa igualmente as famílias de pensarem que "ao pagar uma escola" deixa de ser necessário impor responsabilidade, alertando para a situação de muitos professores que estão "psicologicamente esgotados" e que se transformam "em autênticas vítimas nas mãos dos alunos". A liberdade, afirma, "exige uma componente de disciplina" que obriga a que os docentes não estejam desamparados e sem apoio, nomeadamente das famílias e da sociedade. "A boa educação é cara, mas a má educação é muito mais cara", afirma, recomendando aos pais que transmitam aos seus filhos a importância da escola e a importância que é receber uma educação "uma oportunidade e um privilégio". "Em algum momento das suas vidas, as crianças vão confrontar-se com a disciplina", frisa Fernando Savater. Em conversa com jornalistas, o filósofo explicou que é essencial perceber que as crianças não são hoje mais violentas ou mais indisciplinadas do que antes; o problema é que "têm menos respeito pela autoridade dos mais velhos". "Deixaram de ver os adultos como fontes de experiência e de ensinamento para os passarem a ver como uma fonte de incómodo. Isso leva-os à rebeldia", afirmou. Daí que, mais do que reformas dos códigos legislativos ou das normas em vigor, é essencial envolver toda a sociedade, admitindo Savater que "mais vale dar uma palmada, no momento certo" do que permitir as situações que depois se criam. Como alternativa à palmada, o filósofo recomenda a supressão de privilégios e o alargamento dos deveres.
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sábado, 27 de dezembro de 2008
Dê-me uma boa nota ou leva um tiro!
O caso da ameaça à mão armada a uma professora na Escola do Cerco fez-me mais impressão pelas reacções. O Conselho Executivo e a DREN consideraram uma “brincadeira de mau gosto” de alunos que até têm boas notas. Ainda bem que a Ministra da Educação teve mais bom senso, talvez por estar ausente, e não disse esse disparate... A professora também terá considerado uma brincadeira, certamente porque tem de levar o automóvel todos os dias para a escola, enfrentar esses alunos até ao final do ano e, ao não sentir o apoio nem do CE nem da DREN, uma vez que não tem subsídio para pintura nem para pneus, teve de alinhar no branqueamento da situação. Dentro de uma sala de aula, um aluno de 16 anos apontar uma arma a uma professora e outro ameaçá-la a soco (cobrindo a cabeça com um capuz) é considerado uma brincadeira? Quando estes alunos forem assaltar um banco, se a arma for de plástico, também será considerado uma brincadeira pelo tribunal? A Directora Regional de Educação do Norte tem feito tantas “brincadeiras” que já devia ter percebido que tem idade para ir embora, pois os professores não são as criancinhas de quem ela era educadora antes de se dedicar à política. Se tem saudades de brincar com as criancinhas, volte à docência!
Ah! Já sei o que se passa! Como o Ministério da Educação tem ameaçado os professores de os torturar com um modelo de avaliação que a Senhora Ministra já considerou burocrático e injusto, também permite que os professores sejam tratados como presas de caça… Certamente, no final do ano, estes alunos ainda vão para o quadro de mérito e o senhor Engenheiro vai entregar-lhes o prémio!
Depois, tentou desviar-se as atenções para o telemóvel que filmou… Aqui o telemóvel até foi útil. Se não se tivesse filmado e divulgado a ameaça, a situação passaria totalmente impune. A professora já tinha comunicado o caso ao Conselho Executivo, que só agiu a reboque da comunicação social. Diariamente, passam-se situações semelhantes nas escolas do país, mas, como ninguém as filma, não há punição.
É um país que tem de ver para querer!
salvarescola@gmail.com
sexta-feira, 21 de março de 2008
Indisciplina e Impunidade
Nos dias 20 e 21 de Março, todos os telejornais abriram com o vídeo em que uma professora era agredida e derrubada por uma aluna de 15 anos. A notícia era a agressão ter sido filmada, pois já há muito que se dizia que isso acontecia diariamente nas escolas públicas portuguesas, mas ninguém se acreditava. Todos falam sobre a Educação, mas ninguém quer ouvir os professores nem conhecer o que se passa dentro da Escola. A própria ministra, ao chamar "professorzecos" a uma classe, deu o exemplo, insultando os docentes.
Todos os dias há professores insultados, com os carros riscados, com os pneus furados e nunca há alunos castigados, mesmo que se faça queixa à GNR e se identifiquem os responsáveis, porque são menores e estão dentro da escolaridade obrigatória.
No dia de Páscoa, de manhã, um comentador disse na televisão que a aluna que agrediu a professora não faria aquilo aos seus pais, porque eles não permitiriam. O problema é esse mesmo. Os alunos fazem aquilo em casa. Tenho uma aluna que no final do 1º período tinha maus resultados e o pai, como castigo, queria retirar-lhe o telemóvel e ela respondeu-lhe: "-Dou-te o telemóvel, o cara....!" O que é certo que ela continuou a levar o telemóvel para a escola. Isto é verdade e foi confirmado pela aluna, pois, quando me contaram, eu nem me queria acreditar.
Tenho de deixar uma palavra de coragem e de apoio à professora vítima de agressão a todos os níveis, física, psicológica, profissional e social, que nunca desceu ao nível dos alunos e não respondeu às agressões. Nem a ministra veio dar uma palavra de apoio à docente. Nas imagens é visível que ela se dirigia para a porta para tentar que alguém a ajudasse, mas a turba não permitiu. Se não apresentou logo queixa,certamente foi porque não tinha tido tempo de a redigir, pois essas participações têm de ser feitas por escrito ou foi por ter receio de que fosse prejudicada na sua avaliação, porque há o hábito de responsabilizar os professores pela indisciplina dos alunos. A comunicação social na ânsia de mostrar que aquele era uma caso isolado veio dizer que era uma professora que tinha estado destacada noutro serviço, dando a entender que seria falta de experiência. A professora fez o que tinha de ser feito, confiscou o telemóvel à aluna sem nunca a agredir ou a insultar. A professora não pode ser punida na praça pública por aquilo que os alunos lhe fizeram.
Todos os dias há professores insultados, com os carros riscados, com os pneus furados e nunca há alunos castigados, mesmo que se faça queixa à GNR e se identifiquem os responsáveis, porque são menores e estão dentro da escolaridade obrigatória.
No dia de Páscoa, de manhã, um comentador disse na televisão que a aluna que agrediu a professora não faria aquilo aos seus pais, porque eles não permitiriam. O problema é esse mesmo. Os alunos fazem aquilo em casa. Tenho uma aluna que no final do 1º período tinha maus resultados e o pai, como castigo, queria retirar-lhe o telemóvel e ela respondeu-lhe: "-Dou-te o telemóvel, o cara....!" O que é certo que ela continuou a levar o telemóvel para a escola. Isto é verdade e foi confirmado pela aluna, pois, quando me contaram, eu nem me queria acreditar.
Tenho de deixar uma palavra de coragem e de apoio à professora vítima de agressão a todos os níveis, física, psicológica, profissional e social, que nunca desceu ao nível dos alunos e não respondeu às agressões. Nem a ministra veio dar uma palavra de apoio à docente. Nas imagens é visível que ela se dirigia para a porta para tentar que alguém a ajudasse, mas a turba não permitiu. Se não apresentou logo queixa,certamente foi porque não tinha tido tempo de a redigir, pois essas participações têm de ser feitas por escrito ou foi por ter receio de que fosse prejudicada na sua avaliação, porque há o hábito de responsabilizar os professores pela indisciplina dos alunos. A comunicação social na ânsia de mostrar que aquele era uma caso isolado veio dizer que era uma professora que tinha estado destacada noutro serviço, dando a entender que seria falta de experiência. A professora fez o que tinha de ser feito, confiscou o telemóvel à aluna sem nunca a agredir ou a insultar. A professora não pode ser punida na praça pública por aquilo que os alunos lhe fizeram.
As pessoas interrogam-se sobre os motivos que levaram a professora a não fazer logo queixa. Quem está no ensino percebe perfeitamente, se ela fizesse queixa (como é ela que está a ser avaliada e não a aluna) na sua grelha de avaliação obteria notas negativas nos seguintes indicadores:
"Proporciona, com eficiência e elevado grau de exigência, situações de igualdade de oportunidades de participação e integração dos alunos e aprofunda regras de convivência, colaboração e respeito;"
"Equilíbrio no exercício da autoridade e adequação das acções desenvolvidas para a manutenção da disciplina na sala de aula;"
"Exerce autoridade, mantém a disciplina na sala de aula com facilidade promovendo a responsabilidade na mudança de comportamentos;"
Obviamente, depois da divulgação do vídeo teve de fazer queixa, mas a prejudicada será a professora e não a aluna. Gostava de saber o resultado do inquérito instaurado. Será que os colegas serão castigados? O aluno que filmou ilegalmente e sem autorização uma aula e divulgou as imagens para todo o mundo será castigado? Terá de indemnizar os colegas e a professora? Num dos telejornais, dizia-se que a mãe temia que a aluna fosse expulsa. Descanse, minha senhora! A sua querida filha, de acordo com o novo estatuto do aluno, nem que mate um professor ou funcionário, incendeie um automóvel ou a escola, poderá ser expulsa. É verdade, temos uma escola de sucesso para formar terroristas. É o sistema que nós temos. Se os professores não forem respeitados, serão eles que terão de procurar um novo emprego. A sua filha continuará na escola com o telemóvel que a senhora lhe comprou. É assim o sistema de rigor imposto por este governo. O Novo Estatuto do Aluno, sem aplicação prática no Ensino Básico e que beneficia os alunos indisciplinados, já começa a dar os seus frutos aliado a um Estatuto da Carreira Docente, em que os professores foram completamente esmagados.
Imaginemos agora as condições psicológicas que a professora terá para enfrentar esta turma (e as outras). Preocupe-se com isso, minha senhora! A semana que a sua filha passará a limpar tabuleiros na cantina não a prejudicará em nada, apenas a tornará uma heroína entre os seus pares.
Felizmente, nem todos os alunos são assim. O pior é o clima de impunidade que este ministério está a promover, desautorizando constantemente os professores e passando os alunos, mesmo que não queiram aprender. Nos CEF, que a Sr.ª Ministra tanto elogia e diz que são um sucesso por todo o país, nem se pode marcar faltas disciplinares, porque os alunos têm de assistir a todas as aulas. Os alunos que querem aprender e os professores que querem ensinar estão a ser prejudicados por uma minoria a quem o governo deu impunidade total. Nem o Presidente da República tem tanta impunidade como um aluno da escola pública portuguesa.
Parabéns, Senhora Ministra! Está a ter sucesso! Conseguiu transmitir a alguns alunos um pouco do ódio que a Senhora Ministra sente por nós.
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