Espírito crítico

"Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero. "
(Pierre Beaumarchais)

"Quem se enfada pelas críticas, reconhece que as tenha merecido."
(Tácito)

"Onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos."
(Ayaan Hirsi Ali)


"Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar."
(Abraham Lincoln)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Carta a Sócrates

Não é de minha autoria, mas poderia ser:

Portugal, 24 de Agosto de 2009
Senhor Primeiro-Ministro José Sócrates,
Sou professor e venho por este meio questioná-lo sobre algumas injustiças que o seu governo criou.
Gostaria que me esclarecesse:
1) por que motivo o tempo de serviço que retirou aos professores do continente ainda não foi devolvido, uma vez que os professores que leccionam nos Açores já viram o seu tempo de serviço (muito bem) restituído e foram reposicionados nos escalões a que tinham direito com os respectivos retroactivos. Os professores que leccionam no continente esforçaram-se por obter boas notas, enquanto andavam na Universidade e, depois, foram penalizados por não terem escolhido ir dar aulas para os Açores. Se a crise acabou, como gosta de anunciar, todos os que foram “congelados” deveriam ser reposicionados nos escalões a que têm direito.
2) Por que motivo nos Açores não houve necessidade de criar os professores titulares?
3) Por que motivo um professor com mais de 18 anos de serviço pôde passar a titular e um com menos nunca poderá aceder a esse posto por falta de vagas? Há uns anos atrás eu, com 12 anos de serviço, fui coordenador de departamento e agora não posso ser, porque o seu governo acha que só serei competente quando tiver mais 6 anos de serviço e os titulares se reformarem para se criarem mais vagas.
4) Por que motivo os professores serão os únicos a serem penalizados por estarem de licença de nojo, de casamento, de parto ou por motivos de doença?
5) Por que motivo diz que não gosta de ser insultado e deixa que os seus mais directos colaboradores insultem os outros:
a) «vocês [deputados do PS] estão a dar ouvidos a esses professorzecos» (Valter Lemos, Assembleia da República, 24/01/2008)
b) «caso haja grande número de professores a abandonar o ensino, sempre se poderiam recrutar novos no Brasil» (Jorge Pedreira, Novembro/2008)

c) «quando se dá uma bolacha a um rato, ele a seguir quer um copo de leite!» (Jorge Pedreira, Auditório da Estalagem do Sado, 16/11/2008)
d) «[os professores são] arruaceiros, covardes, são como o esparguete (depois de esticados, partem), só são valentes quando estão em grupo!» (Margarida Moreira - DREN, Viana do Castelo, 28/11/2008)

6) Por que razão insiste numa divisão na carreira artificial para profissionais que têm a mesma formação e a mesma função na escola?
7) Por que motivo não quer dar tempo aos professores para prepararem as suas aulas ou pensa que temos assessores que o façam e teleponto nas salas de aulas?
8) Por que motivo não abre mais vagas para os cursos de medicina, uma vez que tem de importar médicos cubanos? Não tem vergonha de Cuba formar mais médicos do que Portugal?
Se tiver reparado não falei na avaliação dos professores, pois esse só é um problema porque dividiu a carreira, impedindo os professores mais jovens de progredir. Também não desci ao nível dos seus colaboradores, recorrendo ao insulto…
Deixo o meu email para resposta salvarescola@gmail.com , na esperança de que entre os seus muitos afazeres dedique algum tempo a responder a esta missiva.
Grato pela atenção,
Professor Filipe Gonçalves

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