Espírito crítico

"Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero. "
(Pierre Beaumarchais)

"Quem se enfada pelas críticas, reconhece que as tenha merecido."
(Tácito)

"Onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos."
(Ayaan Hirsi Ali)


"Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar."
(Abraham Lincoln)

terça-feira, 11 de março de 2008

Vídeos da Manif



Razões para Protestar

Muitos comentadores, que acham que conhecem o que se passa no ensino por terem andado a estudar há mais de 30 anos atrás, têm tentado desvalorizar a maior Manifestação de uma única classe profissional da Península Ibérica, segundo a TVE. Quem lá esteve sentiu que fazia parte da história. Qualquer manifestação que se faça em Portugal será sempre comparada e abafada pela de 8 de Março de 2008. Alguns comentadores criticam os professores por se manifestarem. Ao que chegou a democracia portuguesa! A manifestação decorreu com o máximo civismo, sem confusões, com cânticos originais, sem insultos e com mensagens criativas. Alguns invejosos por não terem feito parte da história apelidaram-nos de hooligans, mostrando que nem sabem o que isso é! Como dizem que têm vergonha dos professores portugueses também não me vou dar ao trabalho de lhes explicar a diferença.
Deviam perguntar as razões que levaram 100 mil professores cheios de testes para corrigir a sacrificarem o sábado para estarem em Lisboa. Eu vou explicar-lhes o que me levou a manifestar-me:
1.º O roubo de dois anos de tempo de serviço que eu prestei honestamente;
2.º O trabalho extraordinário sem remuneração;
3.º Décimo ano sem aumento, com os combustíveis e os bens essenciais sempre a subirem;
4.º A impossibilidade de ser coordenador de departamento e de algum dia subir a professor titular mesmo que tenha "Excelente" na minha avaliação, porque as vagas entretanto ficarão todas ocupadas;
5.º A burocracia que implantou na escola numa era de desenvolvimento dos meios informáticos;
6.º A avaliação dos alunos e o abandono escolar contarem para a minha avaliação;
7.º Os avaliadores e o director da escola não serem eleitos pelos professores;
8.º A falta de tempo para planear e preparar as minhas aulas, elaborar e corrigir os testes, fazer relatórios de aulas de apoio, de Estudo Acompanhado, de tutoria, de Área de Projecto, de desempenho de cargo, de aulas assistidas, de actividades, de redigir actas de reuniões intercalares, de avaliação, de grupo, de departamento…
9.º Um modelo de avaliação que não valoriza o meu trabalho ou o meu desempenho profissional, mas a relação que tenho com o avaliador e/ou a sorte com as turmas que me foram atribuídas;
10.º O elevado número de alunos por turma, que nos impedem de dar o apoio e as estratégias diferenciadas de que alguns alunos necessitam;
11.º O regime de assiduidade presente no novo estatuto do aluno que só pode ter sido elaborado por quem não conhece a realidade do ensino básico;
12.º Os alunos que durante o percurso escolar beneficiaram de redefinição de estratégias e de critérios de avaliação e que perderam o estatuto de alunos com NEE (para se poupar dinheiro) têm de fazer exames nacionais no 9º ano iguais aos outros, comprometendo irremediavelmente o seu sucesso;
13.º A falta de condições nas escolas para o trabalho individual dos professores. Na sala de professores não me consigo concentrar para preparar as minhas aulas e corrigir os meus testes.
14.º Os insultos com que a Sr.ª Ministra nos tem presenteado;
15.º A divisão da carreira em duas categorias;
16.º A falta de negociação no Estatuto da Carreira Docente, no Estatuto do Aluno, no novo modelo de avaliação do pessoal docente, no novo modelo de gestão das escolas;
17.º A desautorização do professor perante os seus alunos, quando entrar alguém para avaliar o professor;
18.º As inverdades que tem dito e que mostram um total desconhecimento sobre a realidade das escolas;
Todos estes motivos me levaram a participar na Marcha da Indignação.
A Sr.ª Ministra disse várias vezes que há partidos que estão por detrás das manifestações dos professores. Tem razão por uma vez! Há um partido que contribuiu: o Partido Socialista com a sua política egocêntrica e arrogante de gabinete sem tentar perceber o que se passa nas escolas. Até deixou de ouvir o Conselho de Escolas, um órgão criado por esta ministra.
Ouça-nos! Mais de cem mil vozes mereciam ser ouvidas!
salvarescola@gmail.com

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