Espírito crítico

"Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero. "
(Pierre Beaumarchais)

"Quem se enfada pelas críticas, reconhece que as tenha merecido."
(Tácito)

"Onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos."
(Ayaan Hirsi Ali)


"Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar."
(Abraham Lincoln)

domingo, 30 de novembro de 2008

A Lição dos Professores

Quando este governo tomou posse, deram-lhe um estado de graça, que ele aproveitou para:- Aumentar o IVA, mesmo depois de ter prometido que não aumentaria impostos;- Aumentar a idade da reforma, apesar de ter prometido que o não faria;- Congelar as carreiras de alguns sectores da Função Pública.O povo continuou adormecido.Depois, provou-se que o Primeiro-Ministro falsificou documentos da Assembleia da República para que o tratassem por Engenheiro, que tirou um curso de Engenharia sem ir às aulas, enviando trabalhos por fax, e que, enquanto recebia um subsídio de exclusividade, assinava projectos.O povo mostrou-se indiferente, achando que, se ele queria que o tratassem por Engenheiro, era lá com ele.De seguida, decidiu fechar escolas e urgências; a população começou a despertar e o ministro da saúde foi demitido, mas a política continuou.Posteriormente, vieram as aulas de substituição gratuitas e a responsabilização dos professores pelo insucesso dos alunos.Os professores acordaram e os tribunais deram-lhes razão na ilegalidade das aulas de substituição não remuneradas.Depois veio o Estatuto da Carreira Docente, que dividia os professores em duas categorias, sem qualquer análise de mérito, e impedia que dois terços dos professores atingissem o topo da carreira. Os professores ficaram atordoados e a Ministra aproveitou para esticar a corda ainda mais, tratando os docentes por "professorzecos" e criando um modelo de avaliação que ela própria considerou "burocrático, injusto e inexequível" e que prejudica os professores que faltassem por nojo, licença de paternidade, greve ou doença.Aí os professores indignaram-se e vieram para a rua. O Governo e os sindicatos admiraram-se com a revolta dos professores e apressaram-se a firmar um entendimento que adiava a avaliação.No ano lectivo seguinte, os professores foram torturados com o suplício de pôr a andar um monstro, cavando a sua própria sepultura. Em todas as escolas, começou a verificar-se que esse monstro não tinha pernas para andar. Os professores começaram a pedir a suspensão do processo e marcaram uma manifestação para o dia 15 de Novembro. Os sindicatos viram o descontentamento geral e marcaram outra manifestação para o dia 8 de Novembro.Os professores mobilizaram-se e a Ministra tremeu… Os alunos aprenderam com os professores o direito à indignação e aperceberam-se de que o seu estatuto também era injusto, porque penalizava as faltas por doença, e começaram a manifestar-se. A Ministra percebeu que tinha de aliar-se aos alunos e cedeu nas faltas, culpando os professores pela interpretação da lei. Conseguiu mesmo alterar sozinha uma lei aprovada pela Assembleia da República perante os mudos parlamentares. O ambiente na Escola tornou-se tão insustentável que a Ministra deixou de ter coragem de visitar escolas. Então, decidiu alterar novamente o seu modelo, sem o acordo de ninguém, pois só ela não entende que está a mais no Governo, defendendo um modelo que sabe que é errado, só para não dar o braço a torcer (lembrando a teimosia de Paulo Bento que, para afirmar o seu poder, prefere perder). Se fizesse uma auto-avaliação, percebia que está tão isolada que até o representante das associações de pais, aliado de outras batalhas, tomou consciência do que estava em causa. Agora, o Secretário de Estado Adjunto vem dizer que a Lei é para cumprir. Mas qual Lei? A da Ministra que não respeita os tribunais, que altera as leis da Assembleia da República a seu belo prazer, que manda repetir exames, mesmo sabendo que é inconstitucional, que penaliza os professores pelo direito à greve e às faltas por nojo, por doença ou por licença de paternidade?Quem deixou de cumprir a Lei foi a Ministra e o Governo. Lembram-se de alguém que fumou ilegalmente num avião, afirmando que desconhecia uma Lei imposta por si? É o mesmo que vem dizer que nem ele está acima da Lei.Ouvi nas notícias que o Primeiro-Ministro se tinha reunido com professores socialistas. Só pode ser mentira, pois, neste momento, não conheço nenhum professor (que dê aulas) que não tenha vergonha de dizer que é socialista...Já que a Comunicação Social está instrumentalizada e não há oposição firme, o povo devia seguir a lição dos professores e manifestar-se:- Contra o elevado preço dos combustíveis, uma vez que o preço do petróleo desceu para um terço do que custava há meses e em Portugal os combustíveis ainda só desceram cerca de 20%;- Contra os elevados salários de gestores de empresas públicas que dão prejuízo;- Contra a entrega de computadores "Magalhães" que depois têm de ser devolvidos, como quem tira doces a crianças;- Contra o financiamento público de bancos que exploram os clientes com elevados juros;- Contra as listas de espera na saúde;- Contra as portagens nas SCUT;- Contra a criminalidade e a insegurança que se vive em Portugal;- Contra as elevadas taxas de desemprego;- Contra o desvio do dinheiro de impostos para o TGV;- Contra as mentiras.Se os Portugueses acordarem e seguirem o exemplo dos professores, os governantes deixarão de se "governar" e passarão a defender o interesse das pessoas."Ao emendar aquilo que precisa de correcção, o bom professor não está a ser rude." Quintiliano

Um comentário:

MARIA "MS" disse...

Totalmente de acordo. Cumprimentos