Espírito crítico

"Sem liberdade de criticar, não existe elogio sincero. "
(Pierre Beaumarchais)

"Quem se enfada pelas críticas, reconhece que as tenha merecido."
(Tácito)

"Onde não se pode criticar, todos os elogios são suspeitos."
(Ayaan Hirsi Ali)


"Só tem o direito de criticar aquele que pretende ajudar."
(Abraham Lincoln)

quarta-feira, 28 de março de 2007

Interrogações à Ministra da Educação

Segue-se uma lista de questões que ainda nenhum jornalista teve coragem de fazer à Srª. Ministra da DesEducação sobre o novo Estatuto da Carreira Docente:

1ª Qual foi a razão para escolher 18 anos de serviço para se chegar a professor titular? Por que motivo os professores titulares não serão escolhidos pelos membros do seu departamento, numa eleição democrática, com um mandato limitado, de modo a ser reconduzido ou não? Terá este governo medo da democracia? De acordo com o Estatuto da Ministra, o professor titular é escolhido num concurso exterior à escola e o seleccionado terá o cargo para sempre, seja competente nas novas funções ou não.

2ª Depois de haver um quadro completo de professores titulares e com a idade da reforma sempre a aumentar, os outros professores, que por falta de tempo de serviço não puderam concorrer ao primeiro concurso, nem que tenham sempre a classificação de “Excelente”, não poderão aceder a essa categoria por falta de vagas e estarão, possivelmente, a “rezar” para que o titular do seu departamento tenha uma doença que o impeça de coordenar as actividades. O que fará a Sr.ª Ministra para compensar esses professores condenados a “substitutos” por toda a vida?

3ª Uma vez que os professores serão avaliados pelo abandono escolar dos alunos, de que modo quer a Sr.ª Ministra que os docentes, que também têm dificuldades financeiras, dêem dinheiro às famílias para que elas mantenham os adolescentes num sistema de ensino que só é gratuito na Constituição? Um Governo, que se preocupa mais com os números do que com as pessoas, tem criado mais dificuldades às famílias, provocando o abandono escolar de que a Sr.ª Ministra responsabiliza os professores...

4ª Se os professores vão ser avaliados pelos resultados escolares dos alunos, não sendo masoquistas, os docentes vão avaliar positivamente todos os alunos, criando um sucesso artificial e desmotivador para aqueles bons alunos que, neste momento, ainda se aplicam. Para quando um ensino de qualidade e exigente para os discentes de modo a que eles não sejam aprovados só por se terem matriculado?

5ª Por que motivo é que a Sr.ª Ministra disse que os piores resultados dos Exames Nacionais do Ensino Básico são a Língua Portuguesa e a Matemática, quando só há exames a essas disciplinas e quando a maior parte dos alunos que acaba o terceiro ciclo não sabe escrever ou dizer uma frase completa em Inglês ou em Francês, uma vez que eles podem transitar com nível dois a várias disciplinas?

6ª Serão os professores de Língua Portuguesa e de Matemática também avaliados pelos resultados dos seus alunos nos Exames Nacionais e os docentes das outras disciplinas só pelos níveis que atribuem, pois as suas disciplinas não são alvo de Exames Nacionais?

7ª Quando é que a Sr.ª Ministra se preocupará verdadeiramente com um ensino de qualidade e mostrará capacidade para reduzir o número máximo de alunos por turma? Em consciência, como é possível que um docente consiga, em noventa minutos de aula, diversificar as estratégias de modo a que os 28 alunos consigam ter realmente sucesso? O sucesso não deveria ser também nas aprendizagens e não só nas estatísticas?

8ª A supervisão de aulas não será uma forma de retirar a autoridade do professor (tantas vezes posta em causa pela Ministra) perante os alunos na sala de aula?

9ª Com um sistema de avaliação por quotas, como é que a Sr.ª Ministra deseja que os professores partilhem materiais, estratégias e experiências com colegas que os podem ultrapassar? Haverá imensos conflitos entre professores, os Conselhos de Turma servirão apenas para o lançamento de níveis positivos, sem que os professores conversem entre si para resolver os problemas dos alunos, como o faziam até aqui. É esta a escola que a Sr.ª Ministra quer? Possivelmente será, pois alguém que não sabe ouvir quem tem experiência no terreno, que não respeita a opinião dos outros, que decide de forma absolutista e anti-social, só pode querer uma escola em que os professores sejam todos egoístas e que não promovam a socialização dos seus alunos.

Seria bom ouvir a Sr.ª Ministra responder a alguma destas questões, mas como a sua preocupação é a de ser Ministra da Poupança e não da Educação, estará mais preocupada em saber como retirar mais dinheiro aos professores para o seu “chefe” poder comprar navios de guerra em segunda mão, criar uma linha de TGV para poupar 20 minutos numa viagem de Lisboa ao Porto e encomendar estudos a empresas de amigos, para que tenham os resultados que lhe interessam. A propósito do “chefe”, como são os professores que mais viajam nas auto-estradas e nas SCUT diariamente, fica também uma pergunta para ele:
Quando foi eleito, aumentou o Imposto Sobre os Produtos Petrolíferos, dizendo que era para suportar o custo das SCUT, agora, que vai criar portagens para as SCUT do Norte, também vai baixar esse Imposto?

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